sexta-feira, 25 de março de 2011

Exportações e importações

Apesar dos bons números das exportações portuguesas em 2010, não deixa de ser preocupante que o aumento das importações tenha sido ainda maior.

Este acréscimo das importações é aliás uma péssima notícia para a economia portuguesa.

No editorial do “Metal” publicado como suplemento da edição de 25 de Março do jornal “Vida Económica”, o Presidente da Direcção da AIMMAP abordou este assunto, lançando um desafio no sentido de que sejam criadas as condições necessárias para que o país possa substituir parte das suas importações por produtos fabricados em Portugal.

Atendendo à relevância do tema, transcreve-se nas linhas subsequentes o texto correspondente ao editorial em causa.

"Substituição das importações

Tivemos recentemente conhecimento do total das exportações nacionais em 2010.
Como é sabido, os números foram animadores, tendo havido um crescimento interessante relativamente ao ano imediatamente anterior.
No que concerne especificamente ao sector metalúrgico e metalomecânico, o saldo é especialmente gratificante.
Exportámos mais de 10.000.000.000,00 (dez mil milhões) de euros, o que representa quase uma terça parte do total nacional.
Todavia, ao mesmo tempo que verificávamos com satisfação que as exportações aumentaram, constatávamos com grande preocupação que as importações cresceram ainda mais.
Com efeito, as exportações evoluíram de quase €32.000.000.000,00 para aproximadamente €37.000.000.000,00. Mas as importações aumentaram de pouco mais de €51.000.000.000,00 para praticamente € 57.000.000.000,00.
O crescimento das importações foi assim superior ao das exportações, não só em termos absolutos como também em termos percentuais.
Ora, o crescimento das exportações tem sido – e bem -, apontado como um verdadeiro desígnio nacional.
Mas como se constata, tudo o que de bom tem sido realizado nesse domínio corre o sério risco de ser frustrado pela crescente penetração dos produtos estrangeiros no mercado português.
Analisados de forma consciente os números são quase alarmantes, particularmente se compararmos o caso português com exemplos de outros países que para além de exportarem mais do que Portugal importam muito menos do que o nosso país.
E para que não se pense que isto é especulação, atente-se a esse respeito nos números atingidos pela Áustria, pela Bélgica ou pela Roménia, os quais exportaram bem mais do que Portugal e não obstante importaram muito menos do que o nosso país.
É urgente pois que se repense a estratégia que Portugal tem observado neste domínio.
Continuar a promover as exportações prossegue inequivocamente como uma receita absolutamente adequada para ajudar a resolver os problemas que nos afectam. Mas para além disso, urge que se invista energia pelo menos idêntica no esforço de substituir as importações de produtos estrangeiros por produtos fabricados em Portugal.
Um exemplo de boas políticas públicas passará seguramente pela criação de condições para a referida substituição de importações.
Apelamos a que haja um investimento nesse sentido por parte das autoridades nacionais. Pela nossa parte – AIMMAP -, estamos absolutamente disponíveis para colaborar nesse esforço, com sugestões, trabalho e mobilização. Inclusivamente, conforme tivemos já oportunidade de divulgar publicamente, temos em fase de arranque um projecto tendo em vista a criação de condições para que as empresas fabricantes de máquinas portuguesas possam dar resposta às necessidades de alguns subsectores do grande sector metalúrgico e metalomecânico também aqui em Portugal.
E é verdadeiramente urgente que todos nos convençamos de uma vez por todas de que é urgente trabalharmos todos na mesma direcção.

Aníbal Campos
Presidente da Direcção da AIMMAP"