sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A importância vital da indústria para a sobrevivência da Europa

No editorial do “Metal” publicado como suplemento da edição de 28 de Janeiro de 2011 do jornal “Vida Económica”, o Presidente da Direcção da AIMMAP evidenciou a importância da indústria para a sobrevivência da economia europeia.

Este assunto reveste-se de uma enorme importância para todos os cidadãos europeus, os quais estão cada vez em maior número conscientes de que as políticas de desindustrialização levadas a efeito na Europa ao longo das últimas décadas foram verdadeiramente suicidas.

Considerando a importância e a actualidade do tema, transcreve-se nas linhas subsequentes deste blogue o texto correspondente ao citado editorial.

"A indústria precisa da Europa e a Europa precisa da indústria

Os políticos e burocratas europeus tomaram há muito a decisão de proceder a uma desindustrialização progressiva da economia do espaço da União Europeia.
Essa opção estratégica foi desde o início contestada por muitos industriais europeus, os quais a qualificaram inclusivamente como verdadeiramente suicida.
Nos últimos tempos, os responsáveis pela governação europeia têm vindo finalmente a tomar consciência de que aquela opção redundou num erro histórico de proporções assustadoras, com consequências gravíssimas para a generalidade dos europeus.
Mas não basta assumir-se os erros, sendo mais importante ainda que surjam actos concretos associados às manifestações de arrependimento.
É verdade que, actualmente, a prioridade europeia terá de ser a de resgatar as economias que se encontram em maiores dificuldades, como são os casos da Grécia, da Irlanda, de Portugal, da Hungria, da Espanha ou até do Reino Unido.
Mas é fundamental que a Europa comece já a pensar o futuro pós-crise.
A indústria transformadora oferece um em cada quatro empregos do sector privado na União Europeia.
Os serviços vinculados à indústria, como clientes ou fornecedores, empregam por si sós outros vinte e cinco por cento do total de empregos gerados pela iniciativa privada.
Significa o exposto que a indústria europeia é responsável directa ou indirecta de cerca de metade dos empregos do sector privado da União Europeia.
Cerca de 80% da actividade de investigação e desenvolvimento do sector privado europeu é implementada pela indústria transformadora.
E o próprio Mercado Único – tal como concebido e implementado -, é um produto claro daquilo que poderemos designar como a Europa Industrial.
Nesse quadro a Indústria tem incontornavelmente de voltar a ser o centro da estratégia económica europeia.
Precisamos de uma verdadeira política industrial.
Com mais investimento na Inovação. Uma maior aposta na Investigação e Desenvolvimento e na Propriedade Industrial. Apoio à criação, crescimento e internacionalização das PME. Maior eficiência energética. Concepção de uma rede de transportes e logística verdadeiramente integrada. Flexibilidade fiscal. Legislação laboral adequada. E fundamentalmente o acesso ágil e transparente ao financiamento.
Em termos globais é preciso pois criar um ambiente amigável para a indústria.
Sem uma indústria transformadora forte a Europa jamais poderá pensar em manter o chamado modelo social europeu ou pelo menos algo de similar.
É verdade que a indústria precisa da Europa e nomeadamente da atenção dos seus responsáveis políticos para poder sobreviver no médio e longo prazo. Mas não tenhamos dúvidas de que a Europa precisa mais ainda da indústria privada europeia para poder sobreviver no curto prazo.
É fundamental que a Comissão Europeia tenha noção clara das verdadeiras dimensões deste problema. E que compreenda de uma vez por todas que, num quadro de globalização desregulada da economia mundial como aquele em que somos actualmente obrigados a competir, a solução estará seguramente na sua capacidade de iniciativa. Seria aliás muito ingénuo admitir que, no patamar em que as coisas estão, os governos de pequenos países como Portugal têm ao seu alcance o poder de inverter o rumo desastroso para que se empurrou as economias nacionais.

Aníbal Campos
Presidente da Direcção da AIMMAP"


segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A missão e a vocação do CENFIM

O Presidente da Direcção da AIMMAP, no editorial do “Metal” publicado como suplemento da edição de 7 de Janeiro do jornal “Vida Económica”, denunciou algumas interferências do poder político na actividade do CENFIM.

Nessa sequência, fez um apelo a que deixem o CENFIM fazer o seu trabalho em prol da economia e parem de tentar distorcer a sua missão.

Tendo em conta a pertinência do assunto, insere-se nas linhas subsequentes deste blogue o texto correspondente ao citado editorial.

"A missão do CENFIM

Como é sabido, o CENFIM foi constituído em 1985 numa parceria entre por um lado as empresas do sector metalúrgico e metalomecânico – legitimamente representadas pela AIMMAP e pela ANEMM -, e por outro lado o estado português, representado para o efeito pelo IEFP.
Actualmente, o CENFIM é o mais importante centro protocolar de formação em Portugal, reflectindo dessa forma a relevância e a dimensão daquele que é o principal sector da indústria transformadora nacional, seja ao nível do emprego gerado, seja no que concerne ao respectivo volume de negócios, seja finalmente no que se refere às suas exportações.
Mas independentemente disso, pelo trabalho que desenvolveu ao longo de 25 anos de actividade ininterrupta, o CENFIM é hoje uma referência de qualidade e excelência no domínio da formação e da qualificação em Portugal.
Uma das principais marcas distintivas do CENFIM é seguramente o facto de sempre ter sabido assumir-se como um verdadeiro cúmplice das empresas do sector metalúrgico e metalomecânico no esforço de qualificação dos respectivos colaboradores.
E é seguramente nessa ligação fortíssima entre o CENFIM e a indústria que reside a principal razão do seu sucesso.
O CENFIM foi concebido, única e exclusivamente, para servir as empresas do sector metalúrgico e metalomecânico em Portugal.
A missão do CENFIM é pois muito clara: promover a formação e a qualificação dos trabalhadores deste sector e, dessa forma, contribuir para que as empresas sejam mais eficientes e competitivas.
Infelizmente, em Portugal, há sempre quem não resista a tentar instrumentalizar as instituições que funcionam bem, tentando orientá-las para outro tipo de actividades.
No que concerne ao CENFIM, as empresas e as associações deste sector não poderão permitir que isso suceda.
Nomeadamente, teremos de nos opor de forma veemente a que o CENFIM seja forçado a dispersar-se em actividades menores e que não acrescentam valor algum à economia portuguesa.
Tentar orientar o CENFIM para actividades de propaganda ou de mera cosmética seria um verdadeiro crime de lesa-economia.
A vocação do CENFIM é a de servir as empresas e não a de trabalhar para estatísticas.
Se o estado português pretende reduzir o número de desempregados em Portugal – como aliás todos desejamos -, ao invés de tentar obrigar as instituições de formação a inventar acções artificiais para tentar disfarçar a taxa de desemprego, terá sim de criar condições objectivas para que as empresas criem mais postos de trabalho.
E sendo certo que todos concordamos com o objectivo de elevar os níveis de habilitações dos portugueses, para esse efeito o caminho a seguir será seguramente o de melhorar o sistema de ensino e não a via fácil mas perversa de pressionar o CENFIM e os restantes centros de formação a dedicarem-se preferencialmente à implementação de cursos no âmbito das chamadas Novas Oportunidades.
As empresas precisam de formação substantiva para os seus trabalhadores. A economia portuguesa carece de trabalhadores qualificados e de empresas competitivas.
Por favor, deixem o CENFIM continuar a contribuir para a prossecução desses dois objectivos fundamentais. Foi para isso que o criámos e é essa a sua única missão.

Aníbal Campos
Presidente da Direcção da AIMMAP"