sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Necessidade de crescimento económico

No editorial do “Metal” publicado como suplemento da edição de 27 de janeiro de 2012 do jornal “Vida Económica”, o Presidente da Direcção da AIMMAP lamentou que o esforço de equilíbrio orçamental e a vontade de projectar reformas para o futuro não estejam a ser acompanhadas por medidas de estímulo ao crescimento.

Atendendo à grande importância do assunto, publica-se nas linhas subsequentes o texto do editorial em apreço.

"Medidas de apoio ao crescimento

Ninguém tem dúvidas de que o nosso país vinha desde há muito a gastar mais do que devia.
Esse é seguramente um dos motivos pelos quais as fortes medidas de austeridade implementadas pelo actual governo têm vindo a ser compreendidas pela maioria dos portugueses.
A necessidade de equilíbrio orçamental passou a ser uma prioridade até mesmo para o cidadão comum.
A um Governo exige-se porém bastante mais do que se pediria aos cidadãos de rua.
É verdade que o Governo está a tentar tratar do presente, procurando reduzir o défice e restaurar a confiança dos mercados no nosso país.
Admite-se igualmente que esteja a projectar a concretização de algumas reformas fundamentais – na justiça, na concorrência ou no mercado de trabalho -, que serão susceptíveis de gerar efeitos positivos ao país daqui a 10 ou 20 anos.
Sublinha-se muito particularmente a esse respeito, o acordo de concertação social recentemente celebrado entre o Governo e os parceiros sociais, o qual prevê um conjunto de medidas que podem ser importantes para as empresas.
Sucede porém que, consciente ou inconscientemente, o Governo continua praticamente a ignorar o crescimento económico.
Ora, sem crescimento económico, todo o actual trabalho do Governo será, a prazo, verdadeiramente inglório. E os sacrifícios que estão a ser exigidos aos portugueses terão sido quase inúteis.
O esforço de equilíbrio orçamental terá sido realizado em vão. E as reformas que se projecta introduzir não terão campo para serem colhidas.
É fundamental que se pense o presente e que se projecte o país para daqui a 10 ou 20 anos.
Mas se não se tratar dos próximos 10 anos, o nosso país não terá futuro. E isso só será possível com crescimento económico.
O sector metalúrgico e metalomecânico é responsável por cerca de um terço das exportações nacionais. Seguramente, é aquele que mais tem contribuído para o equilíbrio da balança comercial e para o desenvolvimento do país.
Para prosseguirem esse trabalho as nossas empresas precisam de crédito e de contenção de custos. E sem isso não podem assegurar níveis mínimos de competitividade.
Sucede que o ano de 2012 começa com dados altamente inquietantes. O crédito bancário é cada vez mais difícil. E o custo da energia eléctrica aumentou entre 15% a 25%.
Em consequência das restrições ao crédito há empresas de grande qualidade – muitas delas fortemente exportadoras –, que têm dificuldades em adquirir as matérias primas de que necessitam por falta de liquidez.
E como se isso não bastasse, por impacto directo do aumento dos custos de energia, verão os seus custos totais crescer brutalmente. Nalguns casos, mais de 10%.
Pergunta-se como é que tais empresas poderão continuar a ser competitivas nos mercados globais e de que forma poderão continuar a levar o país ao colo como o têm feito nos últimos meses.
O Governo português e muito particularmente o seu Ministro da Economia terão de estar muito atentos.
Aníbal Campos
Presidente da Direcção da AIMMAP"