segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Fiscalidade mesmo muito verde

No plano das reformas que o país necessita, diz-nos o governo da república que chegou a hora da fiscalidade verde, sinal de “modernidade e responsabilidade ambiental”.

Não podem as PME aplaudir uma reforma que basicamente tem como consequência imediata o agravamento dos custos de produção e transporte em valores lesivos da competitividade empresarial.

Esta é uma das conclusões que levam o Presidente da AIMMAP, Aníbal Campos a lamentar mais um custo de contexto para as empresas, no seu editorial do Metal deste mês. Veja a totalidade do editorial aqui


"A chamada fiscalidade verde

O Governo tem vindo a apregoar com grande ênfase a introdução no regime fiscal português da chamada fiscalidade verde.
Sugere a maioria que nos governa que esta reforma fiscal é um sinal de modernidade e de responsabilidade ambiental.
No entanto, muito sinceramente, analisada a medida em causa, não se percebe a razão de ser da sua aplicação neste momento.
Aliás, tal como a CIP já o evidenciou pormenorizadamente, esta reforma da fiscalidade verde irá onerar as PME nacionais, as quais verão agravados os respetivos custos de produção e transporte num montante que, já em 2015, poderá atingir os 70 milhões de euros.
Concretamente, esta reforma consubstanciar-se-á, no essencial, numa tributação suplementar sobre os combustíveis.
Sendo certo que o custo dos combustíveis é já atualmente um fator de constrangimento da competitividade das empresas nacionais – e das PME em particular -, parece claro que a medida aqui em apreço irá seguramente reduzir os níveis de competitividade das empresas portuguesas.
Essa questão reveste-se de gravidade acrescida quando é certo que a maioria dos Estados-Membros da União Europeia não irá adotar medidas semelhantes ou sequer parecidas no mesmo domínio. Donde resulta que a competitividade externa das empresas portuguesas correrá o sério risco de vir a ser fortemente reduzida.
Consequentemente, tal como a CIP já teve oportunidade de o sublinhar, esta medida irá potenciar um aumento da receita fiscal à custa da competitividade das empresas, o que é profundamente errado do ponto de vista económico e não tem sequer em conta o conselho de prudência que a própria Comissão da Reforma da Fiscalidade Verde tinha feito sublinhar.
Acresce que é também claro que desta medida não irá emergir qualquer ganho ambiental relevante. Pelo que nem aí será possível encontrar argumentos fortes para justificação da mesma.
Seria pois importante que o Governo refletisse mais sobre este assunto. Que avaliasse corretamente todo o impacto da medida, muito particularmente no domínio da atividade empresarial. Que procurasse conhecer antecipadamente o que projeta fazer a Comissão Europeia nos próximos anos no que diz respeito a matérias relacionadas com esta questão. Que tivesse em consideração o que os Estados-Membros cujas empresas competem mais diretamente com as nossas, tencionam fazer ou não fazer neste âmbito. E que perdesse o habitual frenesim de querer ser sempre o bom aluno nas questões supostamente mais modernas - e nomeadamente no domínio do ambiente.
As empresas portuguesas continuam asfixiadas com os mais diversos custos de contexto. Não faz pois qualquer sentido que estejamos a criar mais um, ainda por cima quando os países que competem connosco não o irão fazer.
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP"

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Formação para empresários: a realidade do sector Metalúrgico e Metalomecânico

No seu editorial do último METAL, Aníbal Campos descreve a realidade do trabalho desenvolvido pela AIMMAP, em articulação com o CENFIM e IAPMEI, relativo ao Programa de Formação-Acão para empresários do setor Metalúrgico e Metalomecânico.

O Presidente da AIMMAP refere vários pontos importantes: os responsáveis das PME, sobretudo os do setor, ao contrário do que se diz, estão motivados para a formação; a adesão das empresas da AIMMAP está a ter consequências diretas na criação de emprego, competitividade das empresas e reforço das competências;

Em resumo, um sucesso a que é necessário dar continuidade no próximo quadro comunitário de apoio e para o qual as empresas da AIMMAP contam com a sua associação.

Leia o editorial completo aqui e reflita sobre o desafio constante da formação.

"Formação de empresários
Ao longo dos últimos anos, em articulação com o CENFIM e o IAPMEI, a AIMMAP tem vindo a promover sucessivas edições do Programa de Formação-Ação para empresários do setor metalúrgico e metalomecânico.
Até ao momento, foram levadas a efeito precisamente 7 edições do referido programa, as quais abrangeram empresários e gestores de 105 pequenas e médias empresas.
Estamos assim em condições de tirar algumas conclusões relevantes a propósito desta iniciativa da AIMMAP.
Nesse sentido, a primeira ilação a reter é a de que, ao contrário do que muitas vezes se sugere, os responsáveis pelas PME’s portuguesas estão altamente motivados para receber formação.
A adesão sistemática das empresas da AIMMAP a esta iniciativa ilustra com clareza que, pelo menos neste setor, os nossos empresários estão cada vez mais sensibilizados para a importância da formação. E têm não só a vontade e o empenho de procurar adquirir novas competências e ferramentas como também a humildade indispensável para aprender cada vez mais.
Por si só, tal circunstância permitiria qualificar este programa como um verdadeiro sucesso.
Mas mais importante ainda do que isso será fazer a avaliação dos excelentes resultados obtidos pelas empresas em consequência da sua participação no programa.
Na verdade, a análise aos indicadores disponíveis permite concluir que a frequência desta ação de formação não só valoriza pessoal e profissionalmente os empresários que na mesma participam, como ainda, mais relevante ainda, enriquecem e qualificam as empresas que aqueles lideram.
Veja-se desde logo a influência na criação de postos de trabalho. A esmagadora maioria das 105 empresas participantes nas 7 edições deste programa manteve ou aumentou o número de postos de trabalho. E cerca de 60% delas procederam à criação líquida de postos de trabalho. Ou seja, no final do curso tinham um número de trabalhadores ao serviço superior ao que possuíam no início da formação.
É ainda relevante sublinhar a tal propósito que esse fenómeno de criação líquida de emprego ocorreu em cada uma das 7 edições, sempre em valores percentuais próximos dos supra referidos 60%. O que significa que se pode observar um padrão bem definido que em caso algum poderá ser confundido com uma mera coincidência.
Ainda a respeito desse indicador, deve frisar-se que o incremento global de postos de trabalho foi ligeiramente superior a 10%.
Finalmente, é conveniente esclarecer que toda esta trajetória ascendente no volume de emprego das empresas participantes no programa ocorreu entre 2009 e 2014, ou seja, num período histórico de aumento do desemprego em Portugal.
Apesar da enorme importância dos dados atrás evidenciados, há no entanto um conjunto vasto de outros indicadores que merecem igualmente a maior atenção para melhor se avaliar o impacto altamente positivo desta iniciativa.
Assim, verifica-se que cerca de 80% das empresas aumentaram o seu volume de vendas, sendo que um número muito significativo viu crescer tal volume em mais de 10%.
Cerca de metade das empresas aproveitou as valências e os ensinamentos do programa para implementar processos de reestruturação.
Quase 60% das empresas desenvolveram medidas com vista à certificação.
Um número percentual idêntico ao anterior aumentou o investimento em Inovação, Investigação e Desenvolvimento.
E a esmagadora maioria das empresas passou a encarar os processos de internacionalização de uma forma muito mais assertiva.
Estes são dados absolutamente objetivos, que atestam a enorme qualidade deste programa.
Mas os testemunhos altamente positivos dos empresários e gestores que frequentaram as várias edições do programa são igualmente elucidativos dessa excelência.
Enquanto Presidente da Direção da AIMMAP faço questão de confessar a nossa enorme satisfação pelo sucesso revelado por esta iniciativa.
Temos a clara noção de que contribuímos decisivamente para qualificar a gestão das nossas empresas e criar valor ao setor.
Consequentemente, estamos convictos de que fizemos uma vez mais aquilo que as empresas esperam de nós.
Quero também saudar o CENFIM pela excelência do seu trabalho, o qual tem sido fundamental para o sucesso do nosso projeto.
De igual modo, a equipa de consultores que tem vindo a participar no programa justifica plenamente uma palavra de apreço pela sua competência e, inclusivamente, pelo elevado grau de compromisso demonstrado não só com o espírito de missão da AIMMAP como também com os interesses das empresas.
Finalmente, impõe-se um cumprimento especial ao IAPMEI pelo seu papel importantíssimo enquanto organismo intermédio responsável pela gestão do programa.
Está absolutamente demonstrado que o Programa de Formação-Ação conseguiu cumprir com enorme eficácia e competência os objetivos que lhe estavam subjacentes tendo em vista a valorização das empresas.
E não há quaisquer dúvidas de que esta iniciativa foi um verdadeiro sucesso aos mais variados níveis.
Pelo que, os excelentes resultados obtidos pelas empresas obrigam a que o programa mantenha lugar cativo no próximo quadro comunitário de apoio. Se assim suceder – como a realidade e o bom senso impõem -, haverá seguramente condições para se fazer ainda mais e melhor e dessa forma continuar a contribuir para que a economia portuguesa seja cada vez mais robusta e competitiva. Acreditem nas nossas empresas, pois nós saberemos sempre estar à altura das mais elevadas expectativas.
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP"

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

As exportações e a melhoria do mercado interno

Os números do comércio internacional do setor metalúrgico e metalomecânico são animadores: nos primeiros 7 meses de 2014 a indústria exportou perto de 8.200 milhões de euros com um crescimento homólogo de 6,2%. A estratégia de internacionalização e diversificação do setor está a ter resultados.
Estes dados aumentam a responsabilidade da indústria e implicam uma outra reflexão: é também necessário identificar as oportunidades decorrentes da melhoria, ainda que ténue, do comércio no mercado interno. A substituição de importações por produtos nacionais é também um enorme, interessante e valioso desafio.
A este propósito, leia aqui a reflexão do Presidente Aníbal Campos no editorial do Metal deste mês.
 
"Exportar, mas também ser competitivo no mercado interno

Na última página desta edição do “Metal” é dada notícia sobre os resultados do mais recente estudo sobre comércio internacional no âmbito do setor metalúrgico e metalomecânico.
Os números aí revelados são verdadeiramente impressionantes, evidenciando com cada vez maior clareza a excelente performance exportadora das empresas deste setor.
Nos primeiros 7 meses do presente ano a nossa indústria exportou um pouco mais de 8.200 milhões de euros.
Comparativamente com o mesmo período de tempo no ano anterior, constata-se que as nossas exportações cresceram 6,2%.
Estes números extraordinários são demonstrativos de que o nosso setor continua a ter margem de crescimento no que às exportações se refere.
Apesar de ser, a larga distância de qualquer outro, aquele que mais exporta em Portugal, o setor metalúrgico e metalomecânico tem condições para tornar os seus próprios números ainda mais robustos.
Aliás, há sinais claros desse potencial de crescimento. Não só há cada vez mais empresas exportadoras, como se verifica também que as que já tinham experiências de exportação estão a conseguir diversificar os mercados a que se dirigem. Para além disso, constata-se que, em determinados subsetores ou segmentos de atividade, a reputação internacional dos nossos produtos é cada vez maior.
Os números acima expostos, acompanhados dos sinais também atrás enunciados, permitem antecipar com um elevado grau de certeza que as exportações da indústria metalúrgica e metalomecânica ultrapassarão em 2014, pela primeira vez, a barreira dos 13.000 milhões de euros.
A concretizar-se esse número, será seguramente um marco histórico para o nosso setor.
Não obstante, de forma alguma o deveremos encarar como um ponto de chegada. Pelo contrário, deverá ser assumido como uma simples etapa no processo de crescimento do setor.
Ora, a esse respeito importa sublinhar que o nosso crescimento não passa apenas pelo aumento das vendas ao exterior. Nesse sentido, teremos de estar atentos igualmente às oportunidades que nos são oferecidas pelo mercado nacional. Pelo que deveremos identificar os segmentos em que será possível substituir importações por produtos nacionais.
Também nesse âmbito a margem de crescimento é muito significativa, pelo menos em alguns subsetores de atividade.
Sucede que, infelizmente, não estamos a ter nessa vertente um sucesso idêntico ao que se verifica no domínio das exportações.
Pelo que importa refletir estrategicamente nessa questão. Temos de procurar saber qual a melhor forma de responder competitivamente às necessidades da nossa própria economia.
A AIMMAP compromete-se a assumir esse desafio. Tal como assumimos e estamos a vencer o repto das exportações, iremos agora, em simultâneo, procurar contribuir para que seja possível concretizar a substituição de importações.
Estamos certos de que o nosso setor tem todas as condições para vencer também este desafio. Com o apoio das nossas empresas e o suporte indispensável das diversas entidades de suporte ao setor – como por exemplo o CATIM, o CENFIM, a AFTEM ou a PRODUTECH -, teremos seguramente todas as condições para identificar corretamente os nichos e segmentos em que os produtos portugueses estão aptos a substituir de forma competitiva a compra de produtos estrangeiros. O que será certamente mais um enorme passo no processo de crescimento do setor metalúrgico e metalomecânico.
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP"

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Dupla de confiança…

O Presidente da AIMMAP lembra a liberdade e independência do setor para, seja qual for o governo que estiver em funções, criticar o que é mal feito e apoiar as decisões acertadas dos poderes públicos.
É nessa lógica que destaca a crença dos empresários naquilo a que chama de “confiança em dois altos responsáveis do Estado português”: o Governador do Banco de Portugal e o Ministro da Economia.
Relativamente a Carlos Costa, registe-se, entre outros méritos, a atenção que tem dado à economia real, como foi recentemente noticiado no caso do nosso setor.
Quanto a António Pires de Lima, como dizem os empresários, finalmente está alguém no Ministério da Economia que conhece as empresas.
Leia o editorial do Metal de Aníbal Campos para melhor clarificar o porquê da confiança do setor nestes dois pilares da economia portuguesa.

"Dois pilares da confiança
Em muitas mais ocasiões do que aquelas que eu próprio gostaria que acontecessem, tenho utilizado este espaço editorial, na minha qualidade de Presidente da Direção da AIMMAP, para denunciar decisões erradas tomadas pelos poderes públicos.
Independentemente disso, permitam-me que me orgulhe de ter sempre procurado fazer incidir as minhas críticas em questões relacionadas com as políticas implementadas e não com as pessoas responsáveis por tais políticas.
Na AIMMAP há muito que damos provas de não ter medo da verdade. Procuramos ser livres e independentes, criticando o que é mal feito e apoiando o que no nosso entendimento é feito corretamente. E assumimos as nossas posições independentemente do governo que esteja em funções em cada momento.
Ora, é precisamente com essa liberdade e independência que, nesta ocasião, gostaria de sublinhar a confiança que nos merecem dois altos responsáveis do Estado português.
Refiro-me concretamente ao Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e ao Ministro da Economia, António Pires de Lima.
Naturalmente, uma vez mais, o reconhecimento não é necessariamente às pessoas em causa mas antes de mais à forma corajosa e competente com que têm desempenhado as respetivas funções atuais.
Quanto ao Governador do Banco de Portugal, registo com enorme gosto a atenção que o mesmo dedica à economia real. Nunca se confinou aos salões financeiros e procura descer ao chão de fábrica para melhor entender o que se passa no mundo das empresas. Ainda recentemente, conforme foi divulgado na anterior edição do Metal, recebeu de forma magnífica uma delegação da AIMMAP para que o Banco de Portugal pudesse conhecer com maior detalhe o impacto do setor metalúrgico e metalomecânico na economia nacional.
Para além disso, sobre Carlos Costa a melhor palavra de reconhecimento é aquela que tenho ouvido da boca de diversos empresários do nosso setor. Finalmente, podemos dormir descansados porque independentemente dos erros que nunca deixarão de existir, temos a convicção de que o sistema bancário é transparente e credível.
A coragem de Carlos Costa tem a enorme virtualidade de devolver a confiança aos cidadãos em geral e aos empresários em particular. Sabemos que quem tutela e fiscaliza a atividade bancária no país não só está atento ao que se passa como revela determinação para intervir no sentido de corrigir os erros que deteta.
O Governador Carlos Costa, ao longo do tempo que leva de exercício de funções, conseguiu igualmente demonstrar ao povo português que é um verdadeiro pilar da estabilidade.
E finalmente, como o seu passado fazia adivinhar, Carlos Costa tem reiterado no seu cargo atual uma competência profissional verdadeiramente ímpar.
Não temos pois quaisquer dúvidas de que com o atual Governador do Banco de Portugal, a supervisão da atividade bancária está confiada a alguém que é sério, competente e corajoso.
Talvez muitos políticos portugueses tenham dificuldade em entender isso, mas a verdade é que um regulador financeiro com aquelas características é seguramente um catalisador do empreendedorismo e da atividade empresarial.
Quanto ao Ministro da Economia, de igual modo a melhor palavra de apreço pelo seu trabalho é aquela que vou ouvindo a alguns dos meus pares. Finalmente, regressou ao governo alguém que conhece as empresas e se preocupa verdadeiramente com a atividade empresarial.
Num governo como o presente, subordinado a uma verdadeira ditadura dos critérios e interesses do Ministério das Finanças, António Pires de Lima procura centrar a sua ação na identificação dos problemas que afetam as empresas.
Como já tenho ouvido a muitos, António Pires de Lima é acima de tudo o ministro das empresas.
Para além disso, é também um homem sério, competente e corajoso. E é alguém que já deu provas no passado de uma rara competência profissional no domínio da gestão e da política.
Num momento de crise como aquele que vivemos atualmente, não se espera de um Ministro da Economia que consiga inventar soluções mágicas ou milagrosas para os muitos problemas com que nos confrontamos.
Mais do que isso, queremos alguém que nos transmita confiança e que seja advogado das nossas causas mais importantes. E quando isso acontece, a nossa confiança enquanto empresários é indiscutivelmente muito maior.
Atravessamos, sem quaisquer dúvidas, um dos mais complicados períodos da nossa história recente. Temos a consciência de que os obstáculos que se colocam às empresas são por isso muito difíceis de transpor. Mas apesar de tudo a angústia é seguramente muito menor quando sabemos que podemos contar em lugares chave da economia e da sociedade portuguesa com pessoas como Carlos Costa e António Pires de Lima.
Pelo que aqui fica, antes deste período de férias e também de reflexão, a nossa mensagem de esperança e de confiança.
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP"


sexta-feira, 27 de junho de 2014

Reforma do IRS: o que se pode ou deve esperar?

No seu habitual editorial do Metal, Aníbal Campos, Presidente da AIMMAP faz a reflexão que se impõe: o que se pode esperar desta importante reforma, num quadro de expectativas e sentimentos contraditórios?
Se por um lado sonhar com uma descida das taxas e consequente desagravamento fiscal, faz parte do que comanda a vida, por outro o histórico das políticas de austeridade deste governo logo nos chama à dura realidade dos cortes salariais e aumento de impostos. O que esperar então?
Para as empresas o essencial da reforma residirá na redução da complexidade fiscal e na dinamização da economia, sendo esta a prioridade.
Se virmos o exemplo espanhol, com uma proposta de redução do IRS e do IRC como forma de dinamização do mercado interno, facilmente se compreende que há quem acredite que o desagravamento fiscal pode dar um enorme contributo ao crescimento.
A AIMMAP tem esperança mas que sentido faz estar agora a alterar o IRS se não for para tratar daquilo em que esse imposto é actualmente mais perverso?
Veja o editorial de Aníbal Campos aqui

"A reforma do IRS

O governo está a preparar uma reforma do IRS, tendo aliás sido já nomeada uma comissão para trabalhar o assunto.
Sinceramente, esta notícia faz despertar expectativas e sentimentos contraditórios.
Perante o anúncio de uma reforma do IRS, somos levados a sonhar com uma descida das taxas aplicáveis e com um verdadeiro desagravamento da carga fiscal que tanto tem sobrecarregado as famílias portuguesas. Esse seria aliás o corolário lógico de qualquer reforma fiscal.
Porém, com o histórico de políticas de austeridade deste governo – que no essencial têm passado por cortes salariais e aumentos dos impostos -, logo somos feitos regressar à terra e quase deixar de acreditar nessa ilusão.
Apesar de tudo não nos demitimos de sublinhar o nosso entendimento.
Ora, na perspetiva das empresas, uma reforma do IRS no contexto atual, para que pudesse ser consequente, teria de dar resposta a duas questões essenciais. Em primeiro lugar, reduzir a complexidade fiscal. Em segundo lugar contribuir para dinamizar a economia.
Relativamente à primeira questão, não temos quaisquer dúvidas de que uma maior simplificação conduzirá a menor burocracia, diminuição dos níveis de fraude e evasão fiscais e seguramente maior eficiência. Para além disso, permitiria certamente uma mais eficaz afetação dos recursos humanos da administração fiscal. O que seria pelo menos um pequeno passo na tão ansiada reforma do Estado.
Em todo o caso, para as empresas a segunda questão é seguramente a mais importante. E quanto a essa também não temos dúvidas. A dinamização da economia terá de passar por maior consumo e por empresas mais competitivas. E ambos os objetivos serão indubitavelmente potenciados por uma diminuição dos impostos cobrados aos contribuintes.
Se o IRS baixar, as famílias poderão consumir mais e dessa forma fazer aumentar a atividade das empresas que trabalham essencialmente para o mercado interno, as quais continuam a ser a maioria das que existem em Portugal. Com maior atividade, aumentará o emprego e também a receita fiscal em sede de IRC e de IVA.
Aqui ao lado, o governo espanhol prepara-se para implementar uma descida do IRS e do IRC. Os nossos vizinhos, apesar das dificuldades com que se confrontam – que são em muito semelhantes às que se verificam em Portugal -, acreditam nesta espiral virtuosa, estando convictos de que o desagravamento fiscal potenciará um aumento da receita fiscal e uma diminuição dos encargos sociais. Seguir os bons ventos que nessa matéria parecem soprar de Espanha seria uma medida de elementar competência.
Esse desagravamento em sede de IRS teria um outro efeito positivo na competitividade das empresas, visto que contribuiria seguramente para a fixação de massa cinzenta em Portugal. Na verdade, como é sabido, a carga fiscal que esmaga os trabalhadores portugueses está a provocar uma verdadeira fuga para a emigração, dos trabalhadores mais qualificados e também dos nossos universitários com melhor formação.
Esses quadros são indispensáveis para que as empresas portuguesas possam apostar em fatores que as diferenciem da concorrência nos mercados globais, nomeadamente em Inovação.
Pelo que se queremos criar condições para que eles se fixem em Portugal, teremos obviamente de ser fiscalmente competitivos também nesse domínio.
Muitos dos nossos melhores estão a ser empurrados do país em resultado exclusivo das elevadas taxas de IRS que o Estado português lhes aplica. Não ter consciência de que isso está a empobrecer a nossa economia é por si só um sinal de alguma leviandade.
Embora sem grande convicção, confesso ainda assim que vou manter a esperança de que o governo português consiga por uma vez surpreender-nos positivamente. Afinal de contas, sejamos lógicos: que sentido faz estar agora a alterar o IRS se não for para tratar daquilo em que esse imposto é atualmente mais perverso?
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP "

quinta-feira, 29 de maio de 2014

A união faz (mesmo!) a força

Um dos grandes argumentos a favor do associativismo é a força do colectivo. Na AIMMAP esta força é usada, entre outras formas, para cumprir a missão da associação em defesa dos superiores interesses dos seus associados, seja qual for o domínio de intervenção de que se esteja a falar.
As compras em grupo, em concreto no sector da energia, são um bom exemplo do trabalho da AIMMAP no sentido de dotar os seus associados com propostas competitivas que tragam valor e escala para as empresas, num segmento fundamental para o sector.
Na mais recente edição do Metal é publicado um trabalho a propósito da edição de 2014 da iniciativa de compra de energia elétrica em grupo, cuja primeira ação foi levada a efeito em 2011.
Não deixe de ler o editorial do METAL em que o Presidente Aníbal Campos chama a atenção para a necessidade de manter a união das empresas nesta questão particular, na defesa dos seus interesses num tema tão sensível.

"A união faz a força

Ao longo dos últimos anos a AIMMAP tem vindo a promover diversas iniciativas no âmbito das quais procura disponibilizar às empresas associadas as melhores condições possíveis no acesso aos mais diferentes tipos de bens e serviços.
As compras em grupo são excelentes exemplos nesse domínio. E conforme é sabido a AIMMAP tem desenvolvido com inequívoco sucesso algumas ações dessa tipologia, nas áreas dos seguros, dos combustíveis, das viagens ou da energia elétrica.
Na presente edição do Metal é publicado um trabalho a propósito da edição de 2014 da iniciativa de compra de energia elétrica em grupo, cuja primeira ação foi levada a efeito em 2011.
Conforme se constata pela leitura desse artigo, esta iniciativa da AIMMAP tem vindo a ser reforçada ao longo das suas sucessivas edições anuais. E são já praticamente uma centena, as empresas aderentes.
Temos a consciência de estar a prestar um excelente serviço aos nossos associados. Mas não obstante, estamos fortemente empenhados em melhorar cada vez mais a qualidade desse mesmo serviço.
Para tal efeito, no nosso entendimento, há duas condições essenciais. Em primeiro lugar, é importante existir uma forte relação de confiança entre a AIMMAP e as suas associadas. Ora, a esse propósito, é-nos muito grato constatar que tal relação está cada vez mais consolidada. E a verdade é que a AIMMAP apenas consegue mobilizar um conjunto crescente de empresas neste tipo de iniciativas porque aquelas confiam na sua competência e na sua credibilidade.
A segunda condição passa pela coesão das próprias empresas. Quanto mais unidas estiverem as empresas na defesa dos seus legítimos interesses, mais eficazes serão seguramente as ações promovidas pela AIMMAP. A esse respeito é igualmente estimulante verificar que é cada vez mais vasto o número de empresas que se encontram conscientes dos benefícios da cooperação. Embora seja frequente ouvir dizer-se que os portugueses são por norma individualistas e pouco sensíveis ao associativismo, a experiência tem vindo a demonstrar que, pelo menos no nosso setor, há uma evolução positiva nesse domínio.
Infelizmente, a capacidade de mobilização da AIMMAP e o espírito de cooperação das empresas do setor parecem estar a incomodar alguns fornecedores. Ainda agora isso foi evidente no comportamento assumido por um comercializador de energia elétrica, na sequência dos concursos levados a efeito pela AIMMAP para seleção do seu parceiro na iniciativa de compra de energia em grupo de 2014.
Na verdade, apresentaram-se aos referidos concursos os principais operadores em Portugal. E em todos os eles o melhor preço foi apresentado pela GALP Power, a qual naturalmente foi selecionada em todos os segmentos de consumo.
Sucede que, em seguida, já depois de concluídos os concursos, a ENDESA lançou uma denominada “Campanha Primavera” no âmbito da qual contactou individualmente diversas empresas filiadas na AIMMAP – e que já tinham manifestado a intenção de integrar a iniciativa de compra em grupo -, propondo-lhes preços mais baixos do que aqueles que havia proposto no contexto dos referidos concursos.
Ora, ninguém ousará cercear à ENDESA a liberdade de conceber e implementar as estratégias que entenda serem as melhores para prossecução dos seus objetivos comerciais. Esse é aliás um direito absolutamente legítimo.
Não obstante, a AIMMAP não deixa de registar o facto e, mais ainda, de lamentar que a ENDESA tenha agora feito o que nenhum operador tinha efetuado até hoje ao longo de 4 edições desta iniciativa.
Com esta sua campanha, a ENDESA garantiu como clientes algumas empresas que estavam interessadas em participar na compra em grupo. Não obstante, não foi por isso que a nossa iniciativa deixou de ser a melhor de sempre, seja no número de adesões, seja no consumo global das empresas aderentes.
Apesar do exposto, gostaríamos que ficasse claro que o objetivo essencial da AIMMAP com este tipo de iniciativas é apenas o de que as suas empresas sejam beneficiadas – independentemente de aderirem ou não às referidas iniciativas. Pelo que se há empresas filiadas na AIMMAP que acabaram por beneficiar de preços ainda melhores do que os da compra coletiva, a satisfação da AIMMAP será igualmente grande. Afinal de contas, aparentemente, essas condições de última hora terão sido potenciadas pela dinâmica da iniciativa da AIMMAP.
Ainda assim, é bom que estejamos atentos. Como atrás foi referido, quanto maior for a coesão das nossas empresas, mais eficazes serão as ações promovidas pela AIMMAP. Concomitantemente, quanto mais empresas se deixarem seduzir por propostas individuais, menor será o impacto da compra coletiva. E não tenhamos dúvidas de que se esse impacto for menor, também menor será a vontade dos operadores em apresentar ao mercado propostas individuais competitivas. É que não somos nós os únicos a saber que a união faz a força.
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP "

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Quebra de natalidade ou desconhecimento da realidade?

Todos conhecemos a triste realidade dos números da natalidade e do envelhecimento da população portuguesa.
Por vezes esta preocupação aparece no discurso politica mas apenas quando é conveniente.
Mesmo não havendo um estudo sobre as razões desta alarmante verdade, ouvimos recentemente um académico próximo do PSD e futuro responsável pela Comissão que analisará o problema, dizer que a culpa da quebra da natalidade em Portugal é dos empresários e das empresas. E nisto foi secundado por um membro do governo. Começam mal.
Dizer que o que inibe os portugueses de terem filhos são as más práticas das empresas em relação aos trabalhadores é falso e revela um enorme desconhecimento da realidade.
É chocante para a AIMMAP ver este tipo de declarações em responsáveis que pretendem encontrar nas empresas e nos empresários o bode expiatório para justificar a mediocridade ou impotência das políticas.
Veja as nossas razões da nossa indignação no editorial do METAL aqui

 "A quebra da natalidade

Há anos que a população portuguesa tem vindo a diminuir com uma celeridade que começa a ser verdadeiramente preocupante.
Censo após censo, o número de portugueses vai sendo cada vez menor. Ano após ano, o número de nascimentos em Portugal é invariavelmente derrotado pelo de mortes.
Que eu saiba, não está ao dispor dos portugueses interessados na matéria nenhum estudo sério com a identificação das principais causas para este definhamento da nossa população.
Que seja igualmente do meu conhecimento, não foi até ao momento apresentado por nenhum governo qualquer plano estruturado no sentido de inverter esta tendência e, em consequência, de estimular um aumento da natalidade em Portugal.
Não obstante, muito recentemente duas figuras próximas do PSD do governo vieram apregoar que a culpa da quebra da natalidade em Portugal é das empresários.
No entendimento dessas duas personalidades, são as más práticas das empresas em relação aos respetivos trabalhadores que inibem os portugueses de terem mais filhos.
Tal como muitos outros portugueses – empresários e não só -, também eu fiquei chocado com este tipo de afirmações.
Bem sei que, como em todos os setores da sociedade portuguesa, também no mundo das empresas há bons e maus exemplos.
Mas tomar o todo pela parte e generalizar aos empresários portugueses as eventuais más condutas de algumas maçãs podres é uma conclusão verdadeiramente inaceitável.
E é verdadeiramente surreal que venham responsáveis partidários e governamentais lançar o odioso nesta matéria às empresas portuguesas.
Com efeito, conforme é sabido, os últimos governos de Portugal têm-se dedicado com enorme afã a encerrar maternidades, creches e escolas.
Para além disso, têm vindo a consolidar políticas fiscais que em nada beneficiam as famílias e que ainda por cima estão longe de estimular a natalidade.
Como se tudo isso não bastasse, por muito que as dificuldades do país legitimem politicas austeritárias, a verdade é que os sucessivos agravamentos da carga fical retiram à esmagadora maioria dos jovens casais portugueses a mais pequena possibilidade de poupança para sonharem sequer com mais do que um filho.
Ignorar tudo isto e avançar com acusações irresponsáveis às empresas é de uma leviandade absolutamente inquietante.
Os difíceis momentos que assolam o país, não permitem que se ande a brincar com meros palpites em matérias desta importância.
Até poderei compreender que o Estado invoque as sérias dificuldades com que se defronta para agora não poder fazer o que seria desejável no sentido de criar aos portugueses as condições indispensáveis para poderem ter mais filhos.
E de igual modo, congratulo-me com o facto de este governo ter criado uma comissão para tratar especificamente deste assunto.
Mas nenhum de nós poderá aceitar que venha o Estado, através de mensageiros mais ou menos oficiais, encontrar nas empresas o bode expiatório de serviço para justificação da sua mediocridade ou impotência.
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP

sexta-feira, 28 de março de 2014

A liderança fundamental de António Saraiva na CIP

A Assembleia Geral da CIP reelegeu recentemente António Saraiva para um novo mandato (2014-2016) como Presidente da Direção e do Conselho Geral da Confederação Empresarial de Portugal.
António Saraiva foi o grande promotor da refundação da CIP, concretizando algo de verdadeiramente marcante para a credibilização do movimento associativo português. Não o fez sozinho mas foi na qualidade de Presidente da CIP que conseguiu em apenas um ano o que por exemplo o seu antecessor tinha falhado durante sete.
Junte-se a este feito a eficácia e a inteligência de António Saraiva que foram verdadeiramente fundamentais para o vasto conjunto de conquistas das empresas no domínio da concertação social nestes últimos anos e temos de facto de enaltecer o trabalho desenvolvido.
Em nome da indústria metalúrgica e metalomecânica o Presidente da AIMMAP Aníbal Campos, deseja a António Saraiva as maiores felicidades para o seu segundo mandato esperando que este seja tão eficaz como o primeiro. Veja o editorial do Metal na sua totalidade aqui

"António Saraiva

No momento em que estas palavras poderão ser lidas, terá sido entretanto realizada a Assembleia Geral da CIP para eleição dos membros dos órgãos sociais respetivos, relativamente ao mandato de 2014 a 2016.
Pelo que António Saraiva terá então sido já reeleito Presidente da Direção e do Conselho Geral da CIP e irá assim cumprir um segundo mandato, após um trabalho verdadeiramente notável na nossa Confederação ao longo dos últimos anos.
Não posso deixar de nesta oportunidade deixar aqui algumas palavras de apreço, reconhecimento e estímulo ao Presidente da CIP.
António Saraiva foi o grande promotor da refundação da CIP, concretizando algo de verdadeiramente marcante para a credibilização do movimento associativo português. Naturalmente que não o fez sozinho, tendo sido acompanhado e apoiado nessa obra por vários outros responsáveis do mundo das empresas. Mas era ele quem nesse momento já ocupava o cargo de Presidente da CIP. E nessa qualidade, partindo do zero, conseguiu em apenas um ano o que por exemplo o seu antecessor tinha falhado durante sete.
Por outro lado, nestes anos de liderança da CIP, António Saraiva foi também verdadeiramente marcante no domínio da concertação social, a qual compreendeu com uma plenitude que no passado ninguém no mesmo cargo tinha atingido, com a honrosa exceção de Rui Nogueira Simões. Evidentemente, não ignorando os ventos favoráveis que a crise fez correr para o efeito, o papel, a eficácia e a inteligência de António Saraiva foram verdadeiramente fundamentais para o vasto conjunto de conquistas das empresas no domínio da concertação social nestes últimos anos.
Para além do exposto, António Saraiva foi absolutamente decisivo para a estabilidade do país em momentos em que, por irresponsabilidade de muitos políticos, poderíamos ter resvalado para revoltas sociais graves. A sua ponderação e o seu bom senso foram essenciais para a paz social, para a estabilidade democrática e particularmente para a proteção das empresas e seus responsáveis.
Finalmente, como ninguém no passado ao nível da CIP, António Saraiva teve a arte e o engenho de conseguir promover o empreendedorismo e as PME, colocando estas, finalmente, na agenda política e social.
Evidentemente, António Saraiva fez muito mais do que aquilo que cabe neste relato. Mas não há dúvidas de que os 4 pontos que atrás sublinho são por si sós suficientes para marcar como altamente positivo o seu primeiro mandato enquanto Presidente da CIP.
Em nome da indústria metalúrgica e metalomecânica desejo a António Saraiva as maiores felicidades para o seu segundo mandato, esperando que consiga no mínimo ser tão eficaz como no primeiro.
Para além disso, faço questão de sublinhar que, enquanto empresário e dirigente associativo, estarei sempre solidário com o Presidente da CIP, mesmo quando eventualmente possa não concordar com as posições que decida adotar a título pessoal.
E quando entender dever discordar, garanto que o farei no local próprio - ou seja, no interior dos órgãos sociais da CIP -, e nunca na comunicação social, em cartas abertas ou na praça pública.
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP"

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Aonde pára a reindustrialização?



Depois de 3 décadas a “destruir” a indústria, a Europa e Portugal, parecem ter acordado para o inegável facto de que sem indústria não há competitividade e não há criação de riqueza que contribua para o bem-estar social.
Não se perca mais tempo a pensar nas razões desta “política” e no que é preciso reconquistar para recuperar a competitividade da indústria.
A AIMMAP até se revê nas propostas da agenda de promoção da reindustrialização em Portugal e na Europa. Mas o Presidente da AIMMAP também se interroga se o esforço que agora se pretende fazer ainda irá a tempo de surtir efeito dada a hegemonia da China no que ao mercado mundial de matérias-primas diz respeito.
Como é dito por Aníbal Campos no editorial do Metal deste mês, não nos valerá de muito voltar a ter indústria se não conseguirmos ter acesso às matérias-primas a preços competitivos.
É por isso que Portugal terá de ser firme na Europa para chamar a atenção para esta questão fundamental para a indústria em geral e para o sector mais exportador nacional em particular. Veja o editorial da Metal deste mês e reflicta.

"Reindustrialização sem matérias-primas
Ao longo de quase 30 anos a partir dos anos oitenta, a Europa viveu uma verdadeira espiral de desindustrialização.
Os seus governos e a Comissão Europeia assumiram erradamente que poderíamos viver de serviços e que o nosso elevado nível de desenvolvimento dispensava a indústria.
O nosso país não escapou a esse lamentável tendência, tendo em algumas ocasiões sido um verdadeiro paradigma dessa aposta errada.
Mais recentemente, mas já depois de mergulhar numa crise profunda, a Europa começou a aperceber-se do equívoco em que tinha incorrido. E concluiu finalmente que não é possível assegurar-se desenvolvimento económico sem uma base industrial sólida.
Só então começou a tentar inverter a tendência e a lançar os alicerces de uma política de reindustrialização.
Conforme tive oportunidade de sublinhar noutros textos que assinei em anteriores edições deste jornal, embora a desoras essa inversão de política era bem-vinda. Como já disse, relativamente às coisas boas mais vale tarde do que nunca!
Não obstante, tem-se verificado que o esforço europeu no sentido de se reindustrializar, embora seja seguramente positivo, tem sentido enormes dificuldades em implantar-se.
Partimos mais tarde do que os Estados Unidos e deixámos fugir a China e os restantes BRIC’s. E com exceção da Alemanha os países europeus estão a sofrer para acompanhar os seus concorrentes americanos e chineses nos mercados globais.
Apesar de tudo, há alguns bons sinais de recuperação de mercados que havíamos perdido na passagem do século e de retoma do emprego na indústria.
Naturalmente, algum mérito terá de ser imputado em tal âmbito ao esforço que os responsáveis europeus estão a fazer no sentido de relançar a atividade industrial no Velho Continente.
Porém, parece-me que esse esforço não está a ser verdadeiramente consistente e que falta sentido estratégico às políticas europeias.
Uma vez mais, temo sinceramente que estejamos condenados a correr atrás do prejuízo. E passo a explicar as razões do meu ceticismo.
Deixámo-nos ultrapassar uma primeira vez quando virámos costas à indústria. Em seguida, demorámos anos a fio a perceber o nosso erro. E só quando nos sentimos esmagados pelas consequências do falhanço é que, já em desespero, nos quisemos reconciliar com a atividade industrial.
Sucede que, durante este vaivém de equívocos e remedeios, deixámo-nos ultrapassar novamente. E agora numa questão ainda mais estruturante.
Na verdade, enquanto dormíamos à sombra da nossa falsa riqueza, permitimos que a China passasse a controlar quase totalmente o mercado mundial das matérias-primas.
Pelo que, embora agora estejamos já a tentar corrigir os erros do passado, corremos o sério risco de falhar novamente.
Com efeito, não nos valerá de muito voltar a ter indústria se não conseguirmos ter acesso às matérias-primas a preços competitivos.
É certo que poderemos relançar as nossas fábricas. É igualmente verdade que até poderemos ter condições para recuperar os nossos potenciais clientes. Mas é insofismável também que corremos o sério risco de vir a ter excelentes fábricas paradas.
Se não controlarmos minimamente a oferta das matérias-primas de que necessitamos para trabalhar, viremos a ter uma reindustrialização verdadeiramente oca. Com muito potencial mas sem nenhum resultado.
É verdadeiramente urgente que a Europa desperte. E desta vez não podemos insistir tanto tempo no erro.
O governo português não tem por si só o peso necessário para abanar a Europa e fixar as políticas europeias. Mas terá seguramente a possibilidade de fazer ouvir a sua voz. Pode ser uma voz fraca, mas nem que seja a sussurrar não pode fugir às suas responsabilidades enquanto parte integrante da Europa.
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP"

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

TARIFAS REGULADAS: A ENERGIA NEGATIVA

O custo da energia elétrica paga pelas empresas tem, como é sabido, componentes reguladas pelo Estado e componentes definidas pelo mercado livre de energia.
O mínimo que se pede ao Estado é que, na componente que regula, atue em defesa das empresas na definição dos respetivos valores pois o custo da energia é um fator de peso na competitividade das empresas.
Infelizmente, o Estado português não está a velar pelos interesses das empresas portuguesas neste domínio. E se já nos últimos anos as empresas têm sentido um aumento significativo dos seus custos de energia, a situação com que terão de se confrontar em 2014 é absolutamente insustentável.
Na verdade, as tarifas reguladas de acesso às redes sofrerão aumentos que poderão chegar em alguns casos, relativamente aos consumidores em Média Tensão – o grosso das empresas nacionais, a cerca de 26%.
Poderia até compreender-se um aumento moderado, eventualmente justificado com o tão falado, embora contestado por alguns, défice tarifário; mas será que a evolução dos aumentos dessas tarifas, não deveria ser mais suave ao longo do tempo?
A decisão parece ter claramente contornos políticos com que a AIMMAP não pode concordar: os aumentos não são proporcionais a todos os consumidores. Aparentemente há um regime mais benéfico para os consumidores de Alta Tensão – que serão menos mas mais poderosos…
Esta situação é incompreensível tal como refere Aníbal Campos, Presidente da AIMMAP no seu editorial do Metal deste mês que poderá ver aqui.

"O INCOMPREENSÍVEL AUMENTO DAS TARIFAS REGULADAS PARA 2014


O custo da energia assume um papel crítico na competitividade das empresas. É por isso essencial que os poderes públicos atuem nessa área de uma forma prudente e consciente. No entanto, tem-se assistido nos últimos anos a constantes aumentos destes custos para as empresas, condicionando a sua atividade e competitividade internacional.
O custo da energia elétrica paga pelas empresas tem, como é sabido, componentes reguladas pelo Estado e componentes definidas pelo mercado livre de energia onde nos inserimos.
Se na segunda componente é compreensível e até desejável que o Estado não intervenha, pois serão os próprios agentes económicos a definir as regras segundo as leis de mercado, já na primeira componente de tarifas reguladas pode e deve o Estado agir em defesa das empresas, nomeadamente das PME, na definição dos respetivos valores.
A não ser assim, num momento em que o mercado livre tem tido uma evolução favorável, tendencialmente em baixa, serão estes efeitos positivos anulados pelo facto de o preço global ser onerado pelos valores das tarifas reguladas.
Infelizmente, o Estado português não está a velar pelos interesses das empresas portuguesas neste domínio. E se já nos últimos anos as empresas têm sentido um aumento significativo dos seus custos de energia, a situação com que terão de se confrontar em 2014 é absolutamente insustentável.
Na verdade, as tarifas reguladas de acesso às redes sofrerão em 2014 aumentos que poderão chegar em alguns casos, relativamente aos consumidores em Média Tensão, a cerca de 26%.
Este aumento é verdadeiramente incompreensível e vai gerar seguramente fortes constrangimentos às empresas industriais portuguesas
Não se compreende como se apregoa o alívio da carga fiscal das empresas (IRC) e por outro lado, em contraciclo, se aumenta um dos custos de produção mais importantes para a maioria das indústrias nacionais.
Parece que se dá com uma mão mas se tira com outra – no fim está para se comprovar se o “saldo” será a favor ou contra as empresas.
Poderia até compreender-se um aumento moderado, eventualmente justificado com o tão falado, embora contestado por alguns, défice tarifário; mas será que a evolução dessas tarifas, quando se fala de aumentos, não deveria ser mais suave ao longo do tempo?
Acresce por outro lado que esta decisão de agravar as tarifas reguladas parece ser claramente de natureza política.
Na verdade, verifica-se inequivocamente que a evolução dos aumentos das tarifas reguladas para 2014, embora penalize transversalmente todos os grupos de consumo, onera de forma muito mais agravada o grupo de consumidores em Média Tensão, no qual se integra a esmagadora maioria das nossas empresas.
Já no que concerne aos consumidores em Alta Tensão, constata-se que os mesmos terão beneficiado de alguma complacência nos aumentos para 2014.
Ora, é verdade que os grandes consumidores constituem um grupo de empresas que importa manter no nosso país. Pelo que se compreende que seja feito um esforço, aos mais diversos níveis, para que os mesmos prossigam a sua atividade em Portugal.
Mas não faz sentido que essa proteção aos maiores seja de algum modo efetuada à custa das outras dezenas de milhares de empresas que constituem o tecido empresarial nacional e que são responsáveis por bem mais de 70% do emprego privado.
Aparentemente, está uma vez mais o nosso Estado a ser forte com os mais fracos e fraco com os mais fortes. Perante os que ameaçam sair do país, aninha. Mas já frente aos que podem não ter alternativa a sua postura é bem mais assertiva.
Se estas são as consequências do apregoado regresso do país aos bons indicadores económicos, a indústria terá muitas razões para encarar 2014 com grande inquietude.
Entretanto, ficam as empresas associadas da AIMMAP alertadas para o aumento com que se irão deparar na sua primeira fatura de 2014. Mas podem igualmente ficar cientes as nossas empresas de que a AIMMAP irá tudo fazer no sentido de que esta questão seja totalmente esclarecida.
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP"

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Consenso entre os partidos: primeiro de muitos?



Os três partidos do chamado “arco da governação” chegaram a acordo sobre a reforma do IRC, para muitos, essencial para a modernização e crescimento da nossa economia.
Desde a apresentação da proposta da Comissão que a sociedade civil, com o Presidente da CIP a liderar o processo, veio alertando para a necessidade de um amplo acordo sobre esta matéria, para a urgência de um compromisso responsável sobre um assunto tão crítico para o país e para as empresas.
Conseguiu-se que os partidos da democracia cumprissem com a sua obrigação de olhar para o país e menos para as suas batalhas políticas.
A história mostra-nos assim que é possível fazerem-se acordos entre Governo e oposição.
A AIMMAP congratula-se com o “feito” e espera agora que este consenso seja o primeiro de muitos outros, igualmente urgentes para Portugal.
Veja quais são os consensos propostos por Aníbal Campos no editorial do Metal e reflita se acrescentaria mais algum.

"Afinal há consensos

Os partidos da maioria e o principal partido da oposição chegaram a um importante consenso na reforma do Código do IRC.
Na maior parte dos restantes países da União Europeia seria absolutamente normal que as mais importantes forças políticas se entendessem no sentido de fazer aprovar um diploma da maior relevância para a atividade económica do país.
Mas em Portugal, não obstante a premência do assunto, as negociações arrastaram-se por entre acusações recíprocas e o acordo obtido foi celebrado com alguma surpresa.
É sabido que entre os 3 partidos do arco da governação é muito mais aquilo que os une do que aquilo que os separa. Mas ainda assim raramente há entendimentos sobre questões estruturantes. Infelizmente, os interesses partidários prevalecem sobre o interesse nacional. E a partidarite fez acentuar de tal forma a crispação que os nossos políticos raramente conseguem ter o discernimento e o bom senso indispensáveis para a criação de consensos.
Desta vez, porém, o PSD, o CDS e o PS conseguiram ser responsáveis. Correspondendo a uma verdadeira exigência da sociedade civil – uma vez mais superiormente liderada pelo Presidente da CIP -, os partidos defensores da economia de mercado foram coerentes com os seus princípios e valores. Por uma vez, concentraram-se no essencial em detrimento do acessório. E prestaram um bom serviço ao país.
Naturalmente, seria exagerado dizer-se que os partidos da democracia estão de parabéns, pois na verdade limitaram-se a cumprir as suas mais elementares obrigações. Em todo o caso, pelo facto de este tipo de entendimentos ser infelizmente tão pouco frequente, gostaria de saudar os nossos líderes – no governo e na oposição -, pelo passo que agora conseguiram dar.
A reforma do IRC é fundamental para a economia portuguesa. Mas ficaria totalmente prejudicada se sobre si pairasse a ameaça de vir a ser revertida a seguir às próximas eleições. Pelo que o envolvimento do PS na aprovação do diploma, conferir-lhe-á uma estabilidade e uma segurança sem as quais os principais objetivos da reforma dificilmente poderiam ser cumpridos.
Este acordo em concreto seria pois, pelos motivos acima expostos, verdadeiramente relevante para o país. Mas independentente disso, tem subjacente um dado por ventura ainda mais importante. É que, afinal, parece possível haver consensos entre governo e oposição democrática.
Há um sinal de que no nosso sistema político poderá haver vida para além da partidarite.
Desta vez foi a reforma do IRC a evidenciá-lo. Mas urge que seja trilhado igual caminho num vasto conjunto de outras matérias. A reforma do Estado, o crescimento económico, a purificação do sistema judicial e redução do défice são temas de tal maneira estruturantes que dificilmente poderão continuar a deixar de estar fora da convergência entre os nossos partidos democráticos.
Haja pois coragem e responsabilidade para se avançar nesse sentido.
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP"