quarta-feira, 1 de outubro de 2014

As exportações e a melhoria do mercado interno

Os números do comércio internacional do setor metalúrgico e metalomecânico são animadores: nos primeiros 7 meses de 2014 a indústria exportou perto de 8.200 milhões de euros com um crescimento homólogo de 6,2%. A estratégia de internacionalização e diversificação do setor está a ter resultados.
Estes dados aumentam a responsabilidade da indústria e implicam uma outra reflexão: é também necessário identificar as oportunidades decorrentes da melhoria, ainda que ténue, do comércio no mercado interno. A substituição de importações por produtos nacionais é também um enorme, interessante e valioso desafio.
A este propósito, leia aqui a reflexão do Presidente Aníbal Campos no editorial do Metal deste mês.
 
"Exportar, mas também ser competitivo no mercado interno

Na última página desta edição do “Metal” é dada notícia sobre os resultados do mais recente estudo sobre comércio internacional no âmbito do setor metalúrgico e metalomecânico.
Os números aí revelados são verdadeiramente impressionantes, evidenciando com cada vez maior clareza a excelente performance exportadora das empresas deste setor.
Nos primeiros 7 meses do presente ano a nossa indústria exportou um pouco mais de 8.200 milhões de euros.
Comparativamente com o mesmo período de tempo no ano anterior, constata-se que as nossas exportações cresceram 6,2%.
Estes números extraordinários são demonstrativos de que o nosso setor continua a ter margem de crescimento no que às exportações se refere.
Apesar de ser, a larga distância de qualquer outro, aquele que mais exporta em Portugal, o setor metalúrgico e metalomecânico tem condições para tornar os seus próprios números ainda mais robustos.
Aliás, há sinais claros desse potencial de crescimento. Não só há cada vez mais empresas exportadoras, como se verifica também que as que já tinham experiências de exportação estão a conseguir diversificar os mercados a que se dirigem. Para além disso, constata-se que, em determinados subsetores ou segmentos de atividade, a reputação internacional dos nossos produtos é cada vez maior.
Os números acima expostos, acompanhados dos sinais também atrás enunciados, permitem antecipar com um elevado grau de certeza que as exportações da indústria metalúrgica e metalomecânica ultrapassarão em 2014, pela primeira vez, a barreira dos 13.000 milhões de euros.
A concretizar-se esse número, será seguramente um marco histórico para o nosso setor.
Não obstante, de forma alguma o deveremos encarar como um ponto de chegada. Pelo contrário, deverá ser assumido como uma simples etapa no processo de crescimento do setor.
Ora, a esse respeito importa sublinhar que o nosso crescimento não passa apenas pelo aumento das vendas ao exterior. Nesse sentido, teremos de estar atentos igualmente às oportunidades que nos são oferecidas pelo mercado nacional. Pelo que deveremos identificar os segmentos em que será possível substituir importações por produtos nacionais.
Também nesse âmbito a margem de crescimento é muito significativa, pelo menos em alguns subsetores de atividade.
Sucede que, infelizmente, não estamos a ter nessa vertente um sucesso idêntico ao que se verifica no domínio das exportações.
Pelo que importa refletir estrategicamente nessa questão. Temos de procurar saber qual a melhor forma de responder competitivamente às necessidades da nossa própria economia.
A AIMMAP compromete-se a assumir esse desafio. Tal como assumimos e estamos a vencer o repto das exportações, iremos agora, em simultâneo, procurar contribuir para que seja possível concretizar a substituição de importações.
Estamos certos de que o nosso setor tem todas as condições para vencer também este desafio. Com o apoio das nossas empresas e o suporte indispensável das diversas entidades de suporte ao setor – como por exemplo o CATIM, o CENFIM, a AFTEM ou a PRODUTECH -, teremos seguramente todas as condições para identificar corretamente os nichos e segmentos em que os produtos portugueses estão aptos a substituir de forma competitiva a compra de produtos estrangeiros. O que será certamente mais um enorme passo no processo de crescimento do setor metalúrgico e metalomecânico.
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP"