quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Responsabilidade e bom senso

A instabilidade e a incerteza são fatores que desagradam a qualquer empresário. É fundamental alguma previsibilidade para se poderem tomar decisões e implementar estratégias de crescimento e de investimento.
Prolongar por muito mais tempo a incerteza política é nocivo para a economia e para o País. Mas igualmente importante para a estabilidade é a existência de responsabilidade na escolha dos executores das políticas.
Mude-se o que tem de se mudar quando os resultados não aparecem. Mas não se alterem equipas que têm produzido resultados com a aplicação de políticas de crescimento. O Presidente da AIMMAP, no seu editorial do METAL refere que devem manter-se nos cargos quem bem serviu o país e facilitou a internacionalização das empresas e a inovação.
E os exemplos da AICEP ou da ANI são aqui lapidares.
Veja o editorial do METAL de Outubro completo aqui.


Haja o que houver, haja responsabilidade

O período que estamos a viver em Portugal em virtude dos resultados eleitorais é de incerteza. As empresas e os empresários vivem dias de expectativa e apreensão, não porque têm receio de qualquer governo, independentemente da sua composição, mas sobretudo porque a instabilidade é má conselheira e tem impacto direto na vida económica do país.
Prolongar por muito mais tempo a incerteza de quem nos governa é nocivo para quem quer investir e para quem quer tomar decisões que têm implicações nas estratégias de crescimento, seja no mercado interno seja no comércio internacional.
Para um setor que tem uma cada vez maior – e ainda bem – exposição ao comércio internacional, isto é fulcral.
Aos empresários o que interessa é que haja definição clara de prioridades e que a República Portuguesa seja vista como parceira honrada, cumpridora das suas obrigações e país facilitador da economia de mercado, baseada na competência, inovação e qualidade dos seus produtos e serviços, afinal, os pilares da competitividade e crescimento.
Os empresários de hoje são cumpridores das suas obrigações, catalisadores do investimento, responsáveis pelo bem-estar dos seus colaboradores e os principais mobilizadores das recentes –ainda que ténues – mudanças positivas que já se sentem no ambiente económico e social do país.
Não vou por isso dissertar sobre a composição do governo português que agora toma posse nem conjeturar sobre outros cenários políticos que entretanto se possam desenhar. Isso ficará para os políticos e para a Assembleia da República.
Mas como empresário não posso deixar de apelar à responsabilidade de todos em questões que são transversais ao interesse nacional.
Falo do cumprimento dos tratados europeus, dos compromissos assumidos, da manutenção de Portugal no Euro e da necessidade de dar continuidade a um modelo europeu, assente no respeito pelos cidadãos, num espaço unido, solidário, democrático, de paz e prosperidade para todos, enfim, próximo dos cidadãos. Julgo que estes valores ninguém pode por em causa, independentemente das suas convicções ou crenças.
É por isso que entendo que há questões que não se colocam neste período e há bons exemplos por essa Europa fora nesta matéria específica: independentemente das mudanças nas equipas governativas é fundamental que haja responsabilidade na escolha dos executores de algumas políticas, seja pela manutenção das pessoas que o têm feito “bem”, seja pela correção dos cargos por quem não deu provas de responsabilidade e boa governança. E isto sem qualquer espécie de preconceito ideológico.
A Itália e a Bélgica são exemplos de países em que as mudanças variadas das equipas de governo não são, felizmente, acompanhadas por alterações em massa de diretores gerais ou responsáveis regionais.
Lá como cá, as mudanças operam-se em função do desempenho dos cargos e não em função de uma qualquer filiação partidária ou identificação. Evidentemente que tem de haver um conjunto de lugares de lealdade política mas as boas práticas existentes na Europa deveriam de uma vez por todas, numa democracia madura, fazer escola também em Portugal, para bem da responsabilidade e da competitividade e respeitabilidade do país.
Não me entendam mal: mude-se o que tem de se mudar, quando os resultados não aparecem. Mas não se alterem equipas que têm produzido resultados e contribuem para a superação dos desafios nacionais com a aplicação de políticas de crescimento e que no caso concreto da nossa indústria, estão completamente alinhadas com a nossa estratégia.
São disso exemplos os casos da AICEP ou da ANI. Poderia dar outros. Mas a dimensão do comércio internacional, fundamental para o nosso crescimento com a marca METAL PORTUGAL e as atividades de inovação com a correta ligação das empresas às entidades de saber, são duas matérias que considero essências para a manutenção e reforço dos níveis de competitividade a que o setor tem habituado o país e com os quais se irá continuar a afirmar.
Haja por isso, apesar de incerteza, responsabilidade por parte de todos. Os empresários cá estarão para continuar a desenvolver o seu trabalho qualquer que seja o cenário político.
Aníbal Campos
Presidente da Direção"