segunda-feira, 20 de julho de 2009

As fileiras

Na edição de 15 de Julho do Diário Económico foi publicado mais um artigo de opinião do Presidente da Direcção da AIMMAP, no qual se defendeu a recuperação do conceito de fileira no âmbito da internacionalização das empresas portuguesas.

Considerando o interesse da matéria, publica-se nas linhas subsequentes o texto em questão.

"A internacionalização e a lógica das fileiras

A AIMMAP tem procurado desenvolver ao longo dos últimos anos um trabalho importante na promoção da internacionalização das empresas do sector metalúrgico e metalomecânico.
Trata-se de uma aposta estratégica de quem está convicto de que o reforço da capacidade exportadora das empresas é verdadeiramente fundamental para o desenvolvimento de uma economia como a portuguesa.
A AIMMAP não tem quaisquer inibições em assumir que o seu trabalho está a contribuir de forma decisiva para a obtenção de resultados muito interessantes para um número significativo de empresas. Muitos foram aliás os negócios concretizados por empresas portuguesas na sequência da sua participação em acções organizadas pela AIMMAP.
Recentemente, o governo anunciou a intenção de reforçar o apoio à internacionalização das empresas. Não pode a AIMMAP deixar de saudar essa iniciativa. Mas gostaria de aproveitar a oportunidade para sensibilizar o governo para uma questão que não obstante seja de enorme relevância tem estado um pouco esquecida: a importância da lógica das fileiras.
Dada a dimensão da economia portuguesa e das suas empresas, a verdade é que, mesmo todos juntos, somos sempre pequenos. Daí decorre a necessidade de as empresas se organizarem em acções, no âmbito das quais possam ganhar escala e criar sinergias.
Sucede que, em alguns segmentos específicos, a criação de sinergias, para que possa ser consequente, tem de ultrapassar as lógicas sectoriais e deve materializar-se num trabalho em fileira.
Há alguns casos paradigmáticos em que a oferta integrada de produtos numa lógica de fileira faz todo o sentido. Refectindo apenas em matérias que têm conexão com o sector metalúrgico e metalomecânico, suscitam-se de imediato os casos da Fileira Casa e da Fileira Materiais de Construção.
No que se refere à Fileira Casa, faz todo o sentido que os fabricantes de louça metálica e cutelarias estruturem a sua oferta em articulação com os produtores de cerâmica ou vidro. E no que concerne aos Materiais de Construção, será muito mais eficaz que, por exemplo, os fabricantes de torneiras, ferragens ou caixilharias criem sinergias com fabricantes de louças sanitárias, marmoristas, ou produtores de revestimentos nos mais diversos materiais.
Seria da maior importância que, quando se projecta dar um maior fôlego aos apoios à internacionalização, fosse igualmente recuperada e desenvolvida a ideia de promover estratégias de internacionalização em torno de fileiras.
Não só nas que atrás se identificam, como também em diversas outras em que há reais possibilidades de estruturar a oferta portuguesa nessa lógica, como são exemplos os casos do automóvel, do mobiliário, da saúde ou das energias renováveis.
A AIMMAP está absolutamente convicta de que este modelo potenciaria de forma relevante a internacionalização de muitas empresas portuguesas. Pelo que espera ser ouvida nesta sua sugestão.
António Saraiva
Presidente da Direcção da AIMMAP"

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