terça-feira, 25 de março de 2008

AIMMAP CONTINUA A APOSTAR NA INTERNACIONALIZAÇÃO

No passado dia 3 de Março foi assinado o contrato relativo ao projecto apresentado pela AIMMAP ao QREN para promoção de acções internacionalização do sector metalúrgico e metalomecânico.

A aprovação de tal projecto e a outorga do respectivo contrato foram objecto da coluna da AIMMAP, publicada na edição de 19 de Março do jornal “Diário Económico”.

Dada a actualidade do assunto, transcreve-se nas linhas subsequentes o referido artigo da AIMMAP no “Diário Económico”.

"Projecto de internacionalização da AIMMAP foi aprovado

Conforme é sabido, no final de 2007 a AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, apresentara um projecto de investimento ao Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME, no âmbito do Sistema de Incentivos do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.

O referido projecto, referente aos anos de 2007 e 2008 e ao qual foi atribuído o n.º 51, obteve entretanto a aprovação da Autoridade de Gestão do Programa Operacional Factores de Competitividade, com a concessão de um incentivo global que poderá ir até € 252.724,33, correspondente a € 580.207,04 de investimento elegível.

Entretanto, no dia 3 de Março, teve já lugar a Sessão de Assinaturas dos Contratos QREN no âmbito precisamente destes Projectos de Internacionalização. A cerimónia teve lugar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e contou com as presenças do Primeiro Ministro, do Ministro da Economia e do Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional.

A AIMMAP, tendo sido convidada para o efeito, esteve naturalmente presente na referida sessão, tendo-se feito representar ao mais alto nível, pelo próprio Presidente da Direcção, António Saraiva, o qual outorgou o respectivo contrato em representação desta associação.

Este projecto da AIMMAP segue-se a um conjunto de vários outros que esta associação promoveu ao longo dos últimos anos, nomeadamente nos domínios das fileiras de Máquinas, Casa e Materiais de Construção. Os referidos projectos saldaram-se em importantes sucessos, tendo dos mesmos emergido resultados extremamente significativos para o aumento das exportações portuguesas em mercados tão distintos como, para além de diversos outros, Espanha, França e Alemanha, Ucrânia e Cazaquistão, ou Emirados Árabes Unidos e Singapura.

Nesta sua nova iniciativa, pretende a AIMMAP contribuir para a penetração das empresas que representa em mercados também de enorme relevância, tais como, entre outros, a China, a Índia e Marrocos.

Sublinha-se a esse propósito que a AIMMAP está já a organizar no contexto desta sua nova candidatura uma Missão Empresarial à China, a qual se destina em concreto aos Fabricantes de Materiais de Construção e terá lugar nos próximos dias 24 a 31 de Maio. A missão será levada a efeito em simultâneo com a realização em Shanghai de uma muito importante feira direccionada para as empresas deste sub-sector: a IBCTF.

Destaca-se ainda a circunstância de esta acção ser complementada com a contratação de uma empresa de consultadoria de créditos firmados e com grande experiência no mercado chinês, a qual não só apoiará a concretização da missão como acompanhará os desenvolvimentos da mesma no que concerne a perspectivas de negócios para as empresas participantes.

A aposta da AIMMAP no mercado chinês decorre da sua incontornável importância na cada vez mais globalizada economia mundial, não sendo negligenciável a circunstância de estarem previstos importantes investimentos na área da construção, como, entre outros, os decorrentes da realização em Shanghai, no ano de 2010, de uma Exposição Universal.

Naturalmente, a AIMMAP alimenta fundadas expectativas quanto ao sucesso desta iniciativa. Os interessados em conhecer mais detalhes a propósito da missão deverão contactar a AIMMAP (pedro.carvalho@aimmap.pt)."



segunda-feira, 17 de março de 2008

A INDIFERENÇA A QUE PME’s SÃO VOTADAS

Em Portugal, infelizmente, as PME’s continuam a ser votadas a uma insuportável indiferença, não obstante continuem a ser a principal fonte de emprego e de riqueza do país.

Pelo contrário, as grandes empresas de serviços e os seus negócios tantas vezes difíceis de compreender pelos vulgares cidadãos, continuam a ser alvo do maior carinho por parte do Estado, da comunicação social e até de uma parte da opinião pública.

Lamentando que as prioridades estejam completamente invertidas, o Presidente da Direcção da AIMMAP pronunciou-se sobre este assunto em artigo de opinião publicado na edição de 14 de Março do jornal Vida Económica.

Tendo em conta a pertinência e a importância do assunto, transcreve-se nas linhas subsequentes o referido artigo do Presidente da AIMMAP.

"A degola dos inocentes

Nos últimos anos temos assistido com uma intensidade crescente a notícias sobre factos e acontecimentos relativos à vida dos bancos, seguradoras ou grandes empresas de telecomunicações e energia.

Confesso que, à maioria de nós, empresários ou gestores de uma indústria que se diz da ferrugem, os factos de que vamos tomando conhecimento sobre a vida daquelas grandes empresas nos geram uma enorme apreensão.

E mais ainda, causa-nos alguma perplexidade a forma complacente e até por vezes cúmplice com que as autoridades públicas, a comunicação social e os próprios mercados assistem ao que se vai passando em tal âmbito.

Permitam-me sublinhar que não me reporto aqui às notícias sobre crimes fiscais, sobre fraudes de milhões de que ninguém toma conhecimento previamente, sobre fugas de informações nas bolsas, sobre a criação de sociedades offshore ilegais ou até sobre o financiamento ilícito de partidos políticos.

Pelo contrário, refiro-me apenas a factos que até já são considerados normais. Os lucros estratosféricos, os regimes fiscais privilegiados, os negócios pouco transparentes com os amigos ou os salários principescos que as administrações se atribuem a si mesmas.

Como também os folhetins com as OPA’s frustradas, os custos com fusões falhadas ou os gastos com assessores de imagem, advogados ou consultores de tudo e de nada.

Enquanto Presidente da Direcção da AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, foram já muitas as vezes que me interroguei a propósito do que é que nós, industriais de PME’s, teimamos em continuar aqui a fazer.

Tentamos criar investimento, geramos postos de trabalho e insistimos em produzir riqueza. Em conjunto, somos seguramente o maior alicerce social do país. E somos nós a garantia do ganha pão para a generalidade das famílias portuguesas. Mais do que o Estado ou as grandes empresas de serviços.

E em troca o que temos? A indiferença da comunicação social, o desconhecimento da opinião pública e até mesmo a sobranceria de alguns governantes. E não temos sequer o direito de esperar os estímulos dados a outros ou a criação de regimes legais privilegiados que também a outros são dirigidos com carácter de verdadeira exclusividade.

Para além disso, continuamos a engordar a banca e as grandes empresas de serviços. E continuamos a ser uns pobres inocentes, sempre prontos a ser degolados perante a indiferença generalizada.

Será que só a nós, industriais da ferrugem, impressiona este estado de coisas? Será que ninguém vê que este modelo de sociedade nos vai conduzir a um vazio? E será que é este o legado que queremos deixar às futuras gerações?

Quanto a mim confesso que vou continuar a lutar no sentido de poder contribuir com a minha modesta quota parte na construção dos modelos económicos e sociais em que continuo a acreditar.

Uma sociedade em que o mérito e o trabalho continuem a ser mais dignos do que a imagem ou o status. Uma economia em que a criação de valor seja mais reconhecida do que a riqueza assente em especulação. Um país que acarinhe a economia real e não se submeta servilmente aos grandes interesses.

Espero ser acompanhado nesse combate pelos meus colegas da indústria, os quais sentem na pele tanto quanto eu todas estas chagas de que me queixo.

Mas mais do que o nosso esforço ou boa vontade, no estado em que as coisas já estão, é verdadeiramente fundamental que o Estado português dê exemplos de sinais concretos de que não vai continuar a pactuar com a vacuidade e/ou com a impunidade.

Nesta onda de reformas aos mais variados níveis a que temos vindo a assistir ao longo dos últimos anos, continua por iniciar a mais decisiva de todas elas: a reforma das mentalidades de quem decide os nossos destinos, com a consequente criação de novos modelos em que os pequenos e médios empresários possam deixar de ser - perdoem-me a brutalidade da expressão -, verdadeiros idiotas úteis.

António Saraiva

Presidente da Direcção da AIMMAP"



segunda-feira, 10 de março de 2008

FINANCIAMENTO DA INOVAÇÃO

Até ao momento não foi ainda concebida, no âmbito do QREN, uma única medida a que os centros tecnológicos possam concorrer para financiamento de despesas de investimento.

Sendo certo que os centros tecnológicos desempenham um papel fundamental na promoção da inovação e da investigação e desenvolvimento em Portugal, esta opção do nosso governo causa uma enorme perplexidade.

Em artigo publicado na edição de 5 de Março do jornal “Diário Económico”, o Presidente da Direcção da AIMMAP pronunciou-se sobre este assunto.

Considerando a importância do tema, publica-se em seguida o texto integral do referido artigo de opinião.

"Os centros tecnológicos e o QREN

Se em Portugal existem hoje algumas unanimidades, uma delas será certamente a constatação de que a recuperação do nosso atraso face a outras economias mais avançadas passará em grande parte pela realização de importantes investimentos nas áreas da inovação, da investigação & desenvolvimento e da propriedade industrial.

Esses são inequivocamente domínios fulcrais em que o nosso país está apostado em melhorar e onde o investimento é essencial.

No que se refere às Pequenas e Médias Empresas – mas não só -, é reconhecido que os centros tecnológicos têm assumido um papel de grande significado nestes domínios da investigação e desenvolvimento e do fomento da inovação.

Bem se compreende aliás que, estando o nosso tecido empresarial profundamente pulverizado em pequenas estruturas, acabem os centros tecnológicos por revestir-se de uma enorme importância na concepção dos investimentos efectuados em tal contexto. E acabam por ser uma força que não só é propulsora como também, em certa medida, verdadeiramente agregadora de esforços que poderiam estar dispersos.

Enquanto Presidente da Direcção da AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, conheço bem a realidade dos centros tecnológicos, até porque tem esta associação a que presido uma profunda ligação ao centro tecnológico do sector – o CATIM.

E creio que nem será aqui necessário chamar a atenção para a qualidade e a excelência do trabalho desenvolvido pelo CATIM, já que esse é facto incontroverso e do domínio público.

Tendo em conta o exposto, não consigo compreender que, no âmbito do QREN, não tenha sido ainda concebida uma única medida específica à qual as infra-estruturas tecnológicas possam aceder para financiamento de despesas de investimento.

Mas de facto assim é. Infelizmente, neste momento, qualquer investimento que um centro tecnológico tenha necessidade de efectuar para aquisição de um equipamento que lhe permita dotar-se de condições no intuito de prestar às empresas o apoio tecnológico que estas reclamam, é insusceptível de ser financiado ao abrigo do QREN.

Esta opção do governo é totalmente incompatível com a constatação unanimemente efectuada no sentido de que existe em Portugal um atraso tecnológico e um défice de investimento em I&D.

Com efeito, sendo o papel dos centros tecnológicos verdadeiramente decisivo para a mobilização das empresas no domínio da I&D, ao concretizar-se a opção de não apoiar as despesas de investimentos de tais centros, a prazo, irá comprometer-se inevitavelmente o sucesso de qualquer eventual política numa maior aposta em inovação e tecnologia.

Peço pois que, responsavelmente, seja esta situação reavaliada. Caso contrário, ao invés de se contribuir para mitigação do nosso atraso, estará a criar-se condições para que o mesmo se agrave. Objectivamente.

Uma última nota para sublinhar que a leitura que aqui deixo do problema em apreço é a mesma que a generalidade dos centros tecnológicos tem vindo a fazer e a sentir. Em todo o caso, tanto eu em particular como a AIMMAP e o CATIM em geral, estaremos seguramente disponíveis para aceitar que nos expliquem que estamos errados na leitura que fazemos. Permitam-nos ainda assim que peçamos desde já que, nessa eventualidade, nos apontem caminho exequíveis e não meras abstracções.

António Saraiva
Presidente da Direcção da AIMMAP"