quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Fantasias e alarmismos

Com o avolumar da crise muitas têm sido as preocupações manifestadas pelas mais diversificadas pessoas e organizações.

Nesse sentido, muitas têm sido igualmente as propostas de medidas que possam ajudar a fazer face à crise.

Lamentavelmente, verifica-se que, entre um conjunto de preocupações e propostas sérias, há algumas questões levantadas que são perfeitamente gratuitas, sem qualquer fundamento e que, pelo simples facto de surgirem, acabam por prejudicar as empresas e os portugueses.

Com efeito, há quem se entretenha em criar alarmismos vãos, supostamente alicerçados em factos que, para além de catastrofistas, são perfeitamente fantasiosos.

Em artigo de opinião publicado na edição de 8 de Janeiro do jornal “Diário Económico”, a Direcção da AIMMAP apelou ao bom senso e pediu aos falsos profetas das desgraças que se abstenham de lançar a confusão.

Dado o interesse da matéria, transcreve-se nas linhas subsequentes o texto referente ao supra aludido artigo de opinião.

"Alarmismos irresponsáveis

A crise atravessada pela economia portuguesa, sendo já evidente, por ninguém de bom senso pode ser negada. Aliás, a AIMMAP tem assumido diversas posições públicas com as suas preocupações sobre o tema.
Mesmo quando a crise não era ainda tão sentida, já a AIMMAP vinha a propor medidas concretas que ajudassem as empresas a ultrapassar as dificuldades emergentes da crise.
Inclusivamente, algumas das principais reclamações da AIMMAP tiveram já resposta por parte do Governo. Por exemplo, a agilização dos processos de restituição do IVA, o pagamento por parte do Estado das suas dívidas às empresas, ou a criação de linhas de crédito para resposta a dificuldades de tesouraria.
Não temos a pretensão de que fomos os fautores dessas medidas. Mas estamos cientes não só de que fomos dos primeiros a reclamá-las como também de que as nossas diligências contribuíram para que o Governo se tivesse sentido obrigado a promovê-las.
Como representante do sector que mais contribui para o aumento das exportações portuguesas, que mais investimentos realiza em Portugal e que continua a ser o único que é criador líquido de emprego na indústria transformadora nacional, a AIMMAP continuará atenta às dificuldades com que as suas empresas se confrontam, bem como ao comportamento do Governo, da banca e de quaisquer outros agentes.
Irá igualmente continuar a apresentar propostas concretas com vista à salvaguarda dos interesses do seu sector. E jamais deixará de denunciar condutas que causem prejuízos às empresas. Venham elas de quem vierem.
Ora, em nossa opinião, alguns alarmismos que têm sido apregoados, ainda por cima “alicerçados” em dados fantasiosos, em vez de contribuírem para auxiliar as empresas, são susceptíveis de as prejudicar.
Vem isto a propósito de notícia recente na comunicação social, anunciando que estariam iminentes penhoras sobre bens pertencentes a 80% das PME nacionais e que, por via disso, estariam cerca de um milhão de postos de trabalho em perigo.
Uma afirmação desse calibre gera a maior perplexidade. Em particular quando, como é o caso, não é solidamente fundamentada.
Há aqui uma lamentável indução de alarmismo, com prejuízos para as empresas. Apelamos pois a que não nos deixemos enredar por estas fantasias. Se começarmos a disparar para todo o tipo de alvos e sem qualquer critério, não nos saberemos concentrar no que é essencial.
Se queremos ajudar a indústria, deixemo-nos de especulações e fantasias que além disso beliscam a credibilidade de quem fala realmente em nome das empresas.
Identifiquemos os problemas com seriedade e batamo-nos no sentido de exigir ao Governo as respostas que o actual momento difícil impõe. Mas façamo-lo com critério e rigor.
A Direcção da AIMMAP"

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