quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sobre os despedimentos

Tal como é sabido, a comunicação social tem veiculado com frequência algumas acusações sem qualquer fundamento, da parte de determinados dirigentes sindicais, de que há empresas portuguesas que estarão a aproveitar-se da crise para proceder a despedimentos que não seriam justificados.

Estas acusações às empresas são absolutamente absurdas na forma e no conteúdo.

O Presidente da Direcção da AIMMAP, em artigo de opinião publicado no passado dia 18 de Fevereiro no jornal “Diário Económico”, refutou as acusações em causa e desafiou os seus autores a serem mais construtivos.

Atendendo ao interesse do tema em questão, transcreve-se nas linhas subsequentes o texto referente ao supra aludido artigo de opinião.

"Os despedimentos, as empresas e os sindicatos

Alguns dirigentes sindicais vieram insinuar que as empresas portuguesas estariam a aproveitar a crise para fazer despedimentos desnecessários.
Enquanto Presidente da Direcção da AIMMAP não me posso conformar com esse tipo de acusações sem qualquer fundamento.
Não custa a aceitar que, como em tudo na vida, também neste âmbito possa haver condutas menos correctas por parte de algumas empresas. Mas só com leviandade se poderá apregoar que essa seja a regra. Aliás, insistir-se em público nessa tecla raia seguramente o limiar da má fé.
Os empresários e os gestores portugueses estão cientes da importância dos seus trabalhadores para os ajudarem a ultrapassar este momento difícil em que todos vivemos. E não os querem perder.
Apenas em situações limite estarão disponíveis para encarar soluções mais drásticas como os despedimentos. Até porque não há nenhum empresário que tenha gosto em prescindir dos seus colaboradores.
Não significa o exposto que não ocorram situações concretas em que a cessação de alguns contratos de trabalho é a única alternativa viável à insolvência da empresa e à extinção de todos os postos de trabalho.
Mas esses, assumamo-lo com seriedade, não são despedimentos desnecessários. Ao invés, são indispensáveis à viabilidade das empresas e à salvaguarda da generalidade dos postos de trabalho. E têm a particularidade de, como é óbvio e não despiciendo, estarem caucionados pela lei.
Seria pois bem mais sério que os sindicatos optassem por uma postura construtiva neste âmbito. Se conhecem casos em que as empresas prevaricaram, que os identifiquem e denunciem às autoridades competentes. Mas deixem de tentar estigmatizar as empresas como potenciais malfeitores e oportunistas.
Tal como as empresas dificilmente poderão viver sem trabalhadores, também a economia no seu todo jamais poderá sobreviver sem empresas fortes e competitivas.
Só assim, respeitando esse ciclo incontornável, poderemos lutar de forma articulada e construtiva em prol da economia nacional.
Se nem agora, perante dificuldades tão gritantes, os diferentes actores e parceiros sociais conseguem libertar-se de preconceitos absurdos e espartilhos ideológicos, dificilmente poderá o nosso futuro vir a ser risonho.
Pelo que me permito fazer uma sugestão aos sindicatos, a alguns partidos políticos e à própria comunicação social. Ao invés de generalizarem casos negativos que são residuais, seria bem mais interessante e saudável que identificassem publicamente os muitos casos em que as empresas tudo têm feito no sentido de minimizar os despedimentos.
Para além do leque de escolhas ser substancialmente maior, a credibilidade do discurso seria também muito superior.
Será que ainda não estamos suficientemente maduros para que nos possamos entender naquilo que nos deve unir?
António Saraiva
Presidente da Direcção da AIMMAP"

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