segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Até onde poderia ir o CENFIM…se o deixassem?

O CENFIM, todos o reconhecem, é uma organização de excelência ao serviço das empresas do setor metalúrgico e metalomecânico, na área crítica para o crescimento das empresas, que é a formação.

As empresas, para cumprir o imperativo do crescimento e do aumento das exportações, necessitam de recursos humanos qualificados e o CENFIM tem sido instrumental neste domínio.

Mas, como diz o Presidente da AIMMAP no editorial do METAL deste mês, o CENFIM poderia fazer muito mais se as condições o permitissem. Leia a reflexão de Aníbal Campos sobre este assunto e as razões das limitações impostas pelo Ministério das Finanças que têm impedido o CENFIM de fazer mais e melhor.

"O governo não pode dificultar a atividade do CENFIM
O CENFIM é um caso verdadeiramente paradigmático de uma organização de excelência ao serviço das empresas, sendo aliás certo que uma importante parcela da responsabilidade no sucesso do nosso setor é àquele devida.
Todos nós sabemos como o CENFIM foi e é importante para que seja possível estarmos a festejar o melhor ano de sempre das nossas exportações, pois isso nunca seria possível se as nossas empresas não estivessem apetrechadas com técnicos altamente qualificados.
Mas não obstante sejam inteiramente merecidos todos os elogios à atividade do CENFIM, não podemos ainda assim enterrar a cabeça na areia e ignorar os problemas que apesar de tudo existem.
É verdade que o CENFIM faz muito pelas nossas empresas e pelo nosso setor. Mas não é menos certo que, se o deixassem, poderia fazer ainda muito mais.
Com efeito, num momento em que as nossas empresas estão altamente empenhadas em corresponder ao desígnio nacional do aumento das exportações, sentimos claramente um défice de oferta de mão-de-obra qualificada. E assim sucede em vários planos.
Em primeiro lugar constata-se que o número de pessoas formadas pelo CENFIM nas áreas a que o mesmo tradicionalmente se dedica não é suficiente para as necessidades das empresas.
Em segundo lugar, temos a perceção de que o nível de incorporação tecnológica na formação ministrada pelo CENFIM já não se encontra totalmente adequado à realidade de muitas das nossas melhores empresas.
Em terceiro lugar, verifica-se ser necessário que o CENFIM alargue horizontalmente o âmbito da sua atividade formativa, passando a ministrar novos cursos especialmente vocacionados para novas profissões que emergem nas empresas do setor.
Em quarto lugar parece-nos que seria altamente conveniente que o CENFIM pudesse agilizar com maior eficácia as suas ações de formação dirigidas aos trabalhadores no ativo.
Finalmente, constatamos que, infelizmente, a formação de quadros intermédios é altamente deficitária.
Estas são 5 vertentes em que nos parece indispensável conferir maior eficácia à atividade do CENFIM.
Mas é bom que fique muito claro que com estas palavras e sugestões não estou a fazer qualquer crítica ao CENFIM, a quem o dirige ou a quem nele trabalha. Pelo contrário, a nossa crítica é dirigida essencialmente a quem parece fazer questão de o espartilhar.
Para que seja possível melhorar o CENFIM e ajudá-lo dessa forma a servir melhor a economia portuguesa, é absolutamente fundamental que sejam feitos investimentos criteriosos em equipamentos, recursos humanos e consultoria. E é igualmente essencial que se agilize a sua gestão.
Porém, nestes tempos de verdadeira ditadura do Ministério das Finanças em que temos vivido durante as últimas legislaturas, tem sido feito precisamente o contrário.
Os investimentos não são autorizados. Os orçamentos são diminuídos de ano para ano. Os recursos humanos não podem ser renovados. E a gestão é cada vez mais rígida e burocratizada. Tudo isto em cumprimento das políticas impostas pelo Ministério das Finanças.
Esta lógica - que é inclusivamente um pouco miserabilista -, não augura nada de bom para o futuro. E vai seguramente frustrar as expectativas de muitas empresas de enorme potencial exportador, as quais vão acabar por ver interrompidas as suas trajetórias ascendentes, pela falta de recursos humanos capazes de dar resposta às necessidades dos seus cada vez mais exigentes clientes.
Nós já não vivemos no tempo em que as nossas empresas ou se bastavam com um mercado interno razoavelmente fechado ou competiam nos mercados externos com base em políticas de preços baixos. Pelo contrário, hoje em dia, as nossas empresas têm de competir – cá dentro, ou lá fora -, através da qualidade e da diferenciação. E isso, como é bom de ver, só será possível com cada vez mais e melhor formação aos nossos recursos humanos.
Esperemos pois que o nosso Governo perceba melhor que o CENFIM é um ativo de excelência da economia nacional. E que atue rapidamente em conformidade.
Aníbal Campos
Presidente da Direção da AIMMAP"

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