sexta-feira, 11 de julho de 2008

Preocupação no acesso às matérias primas

Na sequência do anúncio de fusão entre os grupos “Rio Tinto” e “BHP Billiton”, as empresas do sector metalúrgico e metalomecânico de toda a Europa estão seriamente inquietas com a eventualidade de se agravarem ainda mais as suas dificuldades no acesso às matérias primas de que necessitam a preços competitivos.

A AIMMAP – directamente e/ou através da ORGALIME -, tem tem efectuado algumas diligências no sentido de alertar para os perigos que daqui poderão resultar para as empresas do sector metalúrgico e metalomecânico.

Tais diligências foram relatadas em artigo publicado no Diário Económico, o qual se transcreve nas linhas subsequentes.

"Matérias-primas

Foi recentemente publicado no Jornal Oficial da União Europeia o anúncio da fusão de dois dos principais grupos produtores de matérias-primas para o sector metalúrgico e metalomecânico: os grupos anglo-australianos “BHP Billiton” e “Rio Tinto”.
No entendimento da AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, esta fusão, a concretizar-se, irá reduzir fortemente a concorrência no mercado das matérias-primas e terá um impacto considerável na indústria metalúrgica e metalomecânica, a qual é actualmente uma das mais importantes ao nível de resultados e volume de emprego não só na Europa em geral como também no caso particular de Portugal.
Com efeito, a indústria metalúrgica, metalomecânica, electrónica e eléctrica é o maior sector da indústria transformadora no continente europeu, sendo que as respectivas empresas empregam um total de 10,9 milhões de pessoas na Europa e geraram em 2007 um resultado de 1,813 mil milhões de Euros – o que corresponde a aproximadamente 27% do total dos resultados da indústria transformadora europeia.
As empresas deste sector, que são predominantemente PME’s e familiares, não só fornecem clientes industriais e consumidores finais no mercado interno europeu, como competem também nos mercados globais. Sublinha-se aliás que as respectivas exportações ascendem a cerca de uma terça parte das exportações da indústria transformadora da União Europeia.
No caso de a fusão avançar, a nova empresa passará a ser o maior produtor mundial de minério de ferro, alumínio, níquel e cobre, controlando as maiores quotas de mercado.
Actualmente, a indústria metalúrgica e metalomecânica tem vindo já a sofrer uma grande pressão ao nível dos respectivos custos, em consequência de uma subida reiterada dos preços do aço na União Europeia.
As dificuldades daí emergentes irão seguramente agravar-se se esta fusão vier a ser uma realidade.
A AIMMAP tem consciência de que a margem de intervenção do Governo português relativamente a esta questão não será muito significativa.
Em todo o caso, sendo certo que o Estado português tem uma voz necessariamente respeitada no seio dos 27 Estados Membros da União Europeia, a AIMMAP solicitou ao Primeiro Ministro de Portugal que sensibilize a Comissão Europeia para o impacto negativo que poderá emergir da fusão.
Para além disso, a ORGALIME – a maior associação de empresas na Europa e da qual a AIMMAP é associada -, manifestou directamente à Comissão Europeia a sua oposição à fusão.
A AIMMAP e a ORGALIME esperam agora que as autoridades europeias e dos respectivos Estados membros analisem cuidadosamente este assunto e compreendam que, caso a fusão se concretize, poderá ser dado mais um duros golpe a uma indústria que continua a ser um dos mais importantes alicerces da economia europeia.
António Saraiva
Presidente da Direcção da AIMMAP"


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