segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Que formação queremos para os nossos trabalhadores?

Conforme é sabido, a AIMMAP tem manifestado muitas reservas face à política actualmente em curso para alteração ao edifício jurídico da formação profissional no nosso país.
Nomeadamente, a AIMMAP tem insistido no sentido de que se aposte mais na formação substantiva, uma vez que só assim poderá a mesma ter alguma utilidade para uma maior competitividade da economia nacional.
No passado dia 25 de Outubro, teve lugar em Arcos de Valdevez uma cerimónia para entrega de 298 diplomas do 9º ano de escolaridade a um conjunto de pessoas que obtiveram tais habilitações após um curso de 4 meses no Centro RVCC do CENFIM.
Essa cerimónia foi presidida pelo Secretário de Estado da Formação Profissional, Fernando Medina. Para além de outros, contou ainda com a presença do Presidente da Direcção da AIMMAP, António Saraiva, o qual teve então oportunidade de efectuar a intervenção que a seguir se transcreve.
«Quero em primeiro lugar cumprimentar todos aqueles que nesta data irão receber os seus diplomas do 9º ano, aqui saudando o seu empenho em adquirirem mais e melhores habilitações. Tenho a maior admiração por todos aqueles que, com sacrifícios e privações, investem na melhoria das suas competências. É seguramente de pessoas assim que todos nós precisamos para tornarmos as nossas empresas mais competitivas.
Quero igualmente reiterar o orgulho da AIMMAP no trabalho que aos mais diversos níveis tem sido efectuado pelo CENFIM. Muito particularmente, quero realçar o seu enorme contributo para a formação dos trabalhadores portugueses. O nosso desejo é pois o de que o CENFIM não só possa continuar a desenvolver o seu excelente trabalho, como seja cada vez mais estimulado nesse domínio pelas empresas, pelas associações e fundamentalmente pelo Estado português.
Finalmente, não posso deixar também de cumprimentar o Senhor Secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional bem como o Governo de que faz parte, que aqui vêem hoje uma vez mais reconhecido o trabalho que têm desenvolvido no âmbito do Programa Novas Oportunidades.
Não obstante, não posso nem devo deixar de sublinhar aquilo que consideramos essencial.
Nesse sentido, reitero que consideramos que o programa Novas Oportunidades tem inúmeras virtualidades, nomeadamente por contribuir decisivamente para a elevação dos níveis de auto-estima dos trabalhadores portugueses. É na verdade inequívoco que quanto maiores e melhores forem as habilitações dos portugueses, mais tranquilos e confortados poderemos ficar face ao futuro. Pelo que este é inequivocamente um programa interessante para Portugal.
Todavia, continuo a entender que meras certificações formais não substituem a importância de uma aposta efectiva na formação verdadeiramente substantiva.
Pelo que, naturalmente, este Programa apenas poderá produzir efeitos plenamente positivos para a economia portuguesa quando, mais do que visar estatísticas e meras certificações, passar a visar de forma predominante os conteúdos da formação.
Com efeito, temos de estar conscientes de quais são as verdadeiras prioridades. Os objectivos prosseguidos pelo Programa Novas Oportunidades são obviamente de sublinhar. Mas, como já disse, não nos devem desviar do essencial.
O centro das preocupações do Estado Português deve ser a formação profissional propriamente dita. E esse é que deve continuar a ser o eixo central da actividade do CENFIM.
A este propósito, não posso deixar de tecer algumas considerações que me parecem importantes relativamente aos diplomas legais que, sobre formação profissional, se encontram actualmente na forja.
São públicas as reservas da AIMMAP sobre as aparentes intenções do Governo nesta matéria.
Manifestámo-las quando entendemos dever fazê-lo, em defesa dos interesses das nossas empresas. Seguramente que ninguém nos poderá levar a mal por cumprirmos as nossas obrigações.
Tivemos entretanto oportunidade de ser esclarecidos com maior detalhe a propósito das reais intenções do Governo.
Estamos pois agora numa fase de expectativa.
Esperamos nomeadamente que no novo modelo que em breve entrará em vigor - mas cujo conteúdo ainda não conhecemos na totalidade -, será enfatizado o papel de centros de excelência como é o caso do CENFIM.
Esperamos igualmente que, na prática, a prioridade seja a formação substantiva.
E aguardamos com expectativa a publicação de uma lei do financiamento da formação que salvaguarde devidamente a concretização de tais objectivos.
Senhor Secretário de Estado: quero manifestar aqui em público o nosso voto de confiança nesse sentido. Estamos certos de que as empresas portuguesas poderão cotar consigo.
Muito obrigado.»

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