terça-feira, 6 de novembro de 2007

PRIORIDADES PARA A INDÚSTRIA EUROPEIA

Após ter integrado a delegação da ORGALIME que foi recentemente recebida pelo Secretário de Estado da Indústria, o Presidente da Direcção da AIMMAP, em editorial da revista “TecnoMetal” pronunciou-se sobre as matérias que considera prioritárias para o futuro da indústria europeia.

Tendo em conta a relevância da matéria, transcreve-se em seguida o texto do referido editorial.

"PRIORIDADES PARA A INDÚSTRIA EUROPEIA

Enquanto Presidente da Direcção da AIMMAP integrei recentemente uma delegação da ORGALIME que foi recebida pelo Governo português, na pessoa do Secretário de Estado da Indústria.
A ORGALIME, da qual a AIMMAP faz parte, é, como sabemos, a maior associação industrial da Europa, representando um significativo número de associações dos sectores metalúrgico, metalomecânico, eléctrico e electrónico no nosso continente.
O facto de Portugal ocupar no presente semestre a presidência da União Europeia justificou plenamente a realização do citado encontro, o qual reputo da maior importância.
Na referida reunião, tivemos oportunidade de transmitir ao nosso governo quais as principais preocupações da indústria europeia.
Entre um conjunto de outras matérias da maior importância, abordámos as relativas aos custos das matérias primas, à contrafacção, à propriedade industrial e à regulação dos mercados.
É certo que estes não são os únicos temas susceptíveis de merecerem a nossa atenção. Mas não pode haver quaisquer dúvidas de que todos eles são assuntos que merecem tratamento urgente.
Caso os poderes da União Europeia não encarem todas estas questões com seriedade, difícil será certamente que a nossa indústria possa ser minimamente competitiva por muitos mais anos.
No que diz respeito às matérias primas, é inaceitável que os respectivos custos continuem a subir sem controlo e ainda por cima condicionados por movimentações meramente financeiras.
A UE tem de ter a noção de que o acesso às matérias primas por parte da nossa indústria a preços razoáveis, justos e competitivos é verdadeiramente vital para a sua sobrevivência. Se nada fizer no sentido de corrigir e evitar as anomalias com que diariamente nos confrontamos, seremos forçados a concluir que, para os nossos dirigentes, os 250.000 europeus que trabalham nas indústrias fornecedoras de matérias primas são mais importantes do que os milhões de trabalhadores ao serviço das indústrias metalúrgica e metalomecânica. E concluiremos igualmente que, para a UE, a especulação financeira é mais respeitável do que a indústria.
No que concerne à contrafacção, é urgente que sejam criados mecanismos eficazes susceptíveis de contribuir para a eliminação dos verdadeiros supermercados da contrafacção, que grassam nos quatro cantos do globo. Há que actuar dentro das fronteiras, nas alfândegas e, cada vez mais, na própria origem da contrafacção. Esse investimento tem de ser feito por Bruxelas, em nome da sua própria soberania.
A criação de uma verdadeira cultura de propriedade industrial terá de ser uma outra prioridade da União Europeia. Se Bruxelas passar a premiar quem investe na propriedade industrial e, além disso, acompanhar nesse âmbito os esforços das empresas, dará um passo decisivo no sentido da inovação.
A regulação dos mercados é naturalmente um outro ponto decisivo. Não só em associação com os outros três pontos atrás referidos como também na definição das normas que disciplinam os mercados.
É fundamental que as normas sejam claras, acessíveis e susceptíveis de compreensão por parte dos utilizadores. Há que desburocratizar os procedimentos e descodificar os discursos.
Estamos certos de que o nosso governo tomou em boa nota as inquietações da ORGALIME.
Mas mais do que isso, esperamos que saiba actuar rapidamente no sentido correcto. Na Europa, actualmente, chegamos a um ponto em que cada dia de atraso na tomada de decisões corajosas a propósito de temas como os que aqui se abordam é um golpe muito duro no nosso futuro.
António Saraiva
Presidente da Direcção da AIMMAP"

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