quarta-feira, 28 de novembro de 2007

ACIDENTES DE TRABALHO

Foi anunciada pelo Governo a intenção de tornar desnecessário o recurso aos tribunais em casos de acidentes de trabalho de que resultem situações de incapacidade permanente dos sinistrados, sempre que houver acordo entre as partes.

Esta é uma medida que, a concretizar-se, contará seguramente com o apoio da AIMMAP, pelo que o Presidente da Direcção manifestou já a posição desta associação sobre a matéria, em artigo de opinião publicado no Diário Económico – edição de 28 de Novembro -, e que a seguir se transcreve neste blogue.

"ACÇÕES JUDICIAIS RESULTANTES DE ACIDENTES DE TRABALHO

É mais do que sabido que os tribunais portugueses se encontram hoje assustadoramente congestionados.
O sistema judicial começa efectivamente a caminhar para uma situação de verdadeira exaustão.
Pelo que têm de ser tomadas medidas urgentes no sentido de aliviar o sistema de um conjunto de competências e responsabilidades que actualmente não faz qualquer sentido que lhe estejam confiadas.
A AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, tem estado atenta aos esforços efectuados pelo poder político nesse âmbito. E, genericamente, apoia as medidas que a esse respeito têm sido implementadas.
Anuncia-se agora, a par de outras, uma medida que consideramos da maior importância.
Refiro-me concretamente à intenção de dispensar a necessidade de propositura de acção judicial em caso de acidente de trabalho do qual resulte uma incapacidade, quando exista acordo entre trabalhador e empregador.
Actualmente, no quadro legal em vigor, sempre que de um acidente de trabalho resultar uma incapacidade permanente para o trabalhador, é obrigatória a instauração de uma acção judicial.
E essa intervenção obrigatória do tribunal ocorre, mesmo quando há acordo entre as partes.
Sinceramente, para a AIMMAP, este modelo é anacrónico, não beneficiando rigorosamente ninguém.
Prejudica desde logo o trabalhador uma vez que o processo judicial confere maior morosidade à atribuição de qualquer indemnização a que o mesmo possa ter direito.
Prejudica as empresas, porquanto as obriga a deslocações sucessivas e normalmente inúteis ao Tribunal, impondo-lhes ainda um desgaste desnecessário na gestão de um processo que nada acrescenta de substantivo.
E prejudica ainda a comunidade e a economia, visto que impede a libertação de meios e recursos do sistema judicial para o tratamento de assuntos mais prementes e em que a intervenção dos tribunais é mesmo necessária.
Não temos assim quaisquer dúvidas em apoiar uma medida desta natureza. Particularmente se, conforme foi anunciado que irá acontecer, o recurso ao Tribunal apenas deixar de existir nos casos em que há acordo entre as partes, mantendo-se apenas para os casos de conflito.
Acresce ainda que, segundo podemos perceber das intenções do governo, no novo sistema irá assegurar-se não só a realização de exames médicos junto de uma entidade imparcial como também a apreciação do acordo entre as partes por uma entidade administrativa ou equivalente.
Donde resulta que, assim sendo, esta medida de desjudicialização não irá implicar qualquer diminuição de garantias a todas as partes directamente envolvidas.
Entende pois a AIMMAP que, a concretizar-se esta intenção do Governo, todos sairemos a ganhar.
Pelo que a medida contará com o apoio desta associação bem como, seguramente, das empresas que representa.
Aliás, estamos certos de que, sendo tão evidentes os ganhos que daqui resultarão para todos, dificilmente esta solução deixará de ser apoiada de forma unânime.
António Saraiva
Presidente da Direcção da AIMMAP"

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